SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) condena práticas anti-envelhecimento
Data: 01/05/2012Seccional: Nacional
RECOMENDAÇÕES QUANTO AO USO DE HORMÔNIOS, VITAMINAS, ANTIOXIDANTES E OUTRAS SUBSTÂNCIAS COM O OBJETIVO DE PREVENIR, RETARDAR, MODULAR E/OU REVERTER O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO.
Nos anos 90, a fração de idosos era de aproximadamente 10 milhões de indivíduos, ou seja, 7,0% da população total do Brasil. E, de acordo dados preliminares do Censo Demográfico de 2010 (IBGE), atualmente os idosos respondem por cerca de 11,3% da população, com aproximadamente de 21 milhões de indivíduos. As previsões são de que, em 2025, o Brasil terá mais de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos, aproximadamente 15% da população, e de que, em 2040, a população geriátrica brasileira ultrapassará, em proporção e números absolutos, a população infantil.
Além disso, o grupo dos “muito idosos” (80 anos e mais) é o que mais cresce proporcionalmente no país, sendo, também, o segmento que engloba os indivíduos mais frágeis e portadores múltiplas doenças crônicas e de incapacidade funcional. De acordo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total brasileira cresceu, em 10 anos, (1997-2007) 21,6%, ao passo que a população de 60 anos ou mais cresceu 47,8%, sendo que a faixa dos 80 anos ou mais, 65%. A previsão é de que esse grupo de “muito idosos” cresça, até 2050, duas vezes mais do que o aumento da população com 60 anos ou mais.
Considerando-se que, à medida que as pessoas atingem idades avançadas, aumenta o risco de que elas adquiram doenças crônicas e desenvolvam incapacidades, conclui-se que os médicos irão atender pacientes cada vez mais idosos, frágeis e com múltiplas doenças crônicas. Portanto, ações de promoção de saúde e preventivas se fazem necessárias no sentido de minimizar o impacto das doenças crônicas e da incapacidade sobre os indivíduos e a sociedade.
Tendo em vista que proliferam no Brasil propostas de tratamentos que visam prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento, bem como prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável através de reposição hormonal, suplementação vitamínica e/ou uso de anti-oxidantes, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia designou um grupo de especialistas para realizar revisão da literatura com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança do uso dessas substâncias com os fins acima citados.
Foram consultadas 164 referências bibliográficas publicadas a partir do ano de1990 e utilizadas 79 delas, correspondendo a:
1. Artigos contendo estudos observacionais, ensaios randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises publicados em periódicos nacionais e internacionais, indexados no Medline, Lilacs e Scielo.
2. Artigos de revisão publicados periódicos nacionais e internacionais, indexados no Medline, Lilacs e Scielo.
3. Opiniões e editoriais publicados por renomados especialistas em periódicos nacionais e internacionais, indexados no Medline, Lilacs e Scielo.
4. Dados demográficos publicados, em versão eletrônica, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
5. Recomendações publicadas pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização Panamericana de Saúde em seus respectivos portais na internet.
6. Diretrizes e Guidelines publicados por sociedades de especialidade, reconhecidas em seus países, incluindo de nações membros da União Européia, do Brasil, do Canadá e dos Estados Unidos da América.
7. Normas técnicas, resoluções e recomendações de órgãos governamentais e agências reguladoras da União Européia, do Brasil e dos Estados Unidos da América.
Para a avaliação do grau de recomendação e da força de evide^ncia, foram utilizados os critérios adotados no Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), assim definidos:
Nível de evidência A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência.
Nível de evidência B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistêcia.
Nível de evidência C: Relatos ou se´ries de casos.
Nível de evidência D: Publicac¸o~es baseadas em consensos ou opiniões de especialistas.
Considere-se que:
1. em estudos clínicos de boa qualidade metodológica, nenhuma vitamina, antioxidante, reposição hormonal ou qualquer outra substância demonstrou ser capaz de retardar ou reverter o processo do envelhecimento (nível de evidência A);
2.deve-se ter cautela com quaisquer informações diferentes daquelas fornecidas por estudos de relevância científica, pois determinados tratamentos podem ser danosos tanto do ponto de vista econômico como da saúde coletiva e individual;
3. os idosos são mais sensíveis à iatrogenia e aos efeitos adversos dos medicamentos (nível de evidência A); portanto, a prescrição para quaisquer indivíduos, principalmente os mais vulneráveis, deve ser baseada em evidências de eficácia e segurança, bem como em indicações estabelecidas cientificamente;
4. é dever do médico e dos demais profissionais de saúde empreenderem ações preventivas e que se reconhece como prevenção quaternária as ações que detectam indivíduos em risco de tratamento excessivo para protegê-los de novas intervenções inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis;
5. é vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda não aceita pela comunidade científica;
6. proliferam cursos de extensão, educação continuada e pós-graduação medicina antienvelhecimento, ou com denominações diferentes, mas cuja base é o treinamento de profissionais para a prescrição de hormônios e outros tratamentos ainda sem comprovação científica, com o suposto objetivo de prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento;
7. inúmeros estudos, de excelente qualidade científica, tem demonstrado a influência do estilo de vida saudável, das atividades físicas e da dieta balanceada para o que se convencionou chamar de envelhecimento bem-sucedido, ativo ou saudável, e que essas orientações jamais devem ser esquecidas na prática clínica.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia posiciona-se apresentando as seguintes recomendações aos seus associados médicos e membros do Departamento de Gerontologia:
1) Diante da extensa literatura já publicada sobre o assunto e como ainda não existem evidências científicas de que o processo do envelhecimento seja causado pela redução da produção hormonal, está contraindicada a prescrição de terapia de reposição de hormônios como terapêutica antienvelhecimento com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento; prevenir a perda funcional da velhice; e prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento e/ou longevidade saudável (Nível de evidência A).
2) Conforme determina a Resolução do CFM Nº 1.938 de 2010, é vedada a utilização do EDTA, procaína, vitaminas e antioxidantes como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônicas degenerativas,.
3) Existem evidências de que algumas vitaminas e antioxidantes podem aumentar o risco de câncer; portanto, a sua suplementação em idosos deve ser recomendada apenas nos casos de benefícios comprovados e/ou de deficiência documentada por exames confiáveis (nível de evidência A).
4) Como não existem evidências de que a reposição de testosterona aumente a função e o desempenho físico e melhore a qualidade de vida e a funcionalidade do idoso (nível de evidência A), a reposição androgênica para homens de meia-idade e idosos deve ser indicada somente nos casos de deficiência clínica e laboratorialmente comprovada, em que os benefícios suplantem os riscos, respeitando-se a autonomia dos pacientes em recusar ou aceitar o tratamento, de conformidade com as diretrizes elaboradas pelas sociedades de especialidades médicas envolvidas (Endocrinologia, Urologia, Clínica Médica, Geriatria).
5) A reposição estrogênica em mulheres no climatério e pós-menopausa pode aumentar o risco de doença cardiovascular e câncer (nível de evidência A); portanto, ela está indicada nos casos em que os benefícios suplantem os riscos, respeitando-se a autonomia das pacientes em recusar ou não o tratamento, e de acordo com as diretrizes estabelecidas pelas sociedades de especialidades médicas envolvidas (Endocrinologia, Ginecologia, Clínica Médica, Geriatria).
6) As reposições de hormônios tiroidianos e adrenais devem se restringir aos casos de deficiências clínica e laboratorialmente comprovadas, pois não existem evidências de que a sua reposição, na ausência de deficiências, previna, retarde, module ou reverta o processo de envelhecimento, reduza a perda funcional na velhice, previna doenças crônicas, bem como contribua para o envelhecimento saudável (Nível de evidência B).
7) A reposição de hormônio do crescimento deve ser indicada nos casos de deficiência clinica e laboratorialmente comprovada, pesando-se os riscos-benefícios. No caso de indivíduos idosos e de meia idade saudáveis, está contra-indicada a sua prescrição com o objetivo de reduzir os efeitos do envelhecimento, tendo em vista que, apesar de seus efeitos na constituição corporal, não existem evidências de que o hormônio do crescimento possa prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento, reduzir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas ou mesmo contribua para o envelhecimento saudável. Além disso, o hormônio do crescimento pode causar sérios efeitos adversos, principalmente nos idosos com doenças crônicas. Dentre esses efeitos, os mais importantes são diabete, síndrome do túnel do carpo e atralgias (Nível de evidência A). 8) Existem evidências de que a reposição de hormônio do crescimento aumente a incidência de cânceres; portanto nos casos em que ela for recomendada, deve-se monitorar o paciente quanto a esses possíveis efeitos (nível de evidência C).
9) A prescrição da DHEA (dehidroepiandrosterona) com os objetivos de prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento, reduzir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas não deve ser indicada, pois não existem evidências que a justifiquem nessas situações (nível de evidência A).
10) Não deve ser indicada a prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento e/ou longevidade saudável. Isso porque não existem evidências de que esses medicamentos sejam mais seguros ou sequer que se mostrem eficazes para esses fins (nível de evidência B).
11) Objetivando evitar danos a saúde da população, os associados da SBGG devem esclarecer à sociedade sobre a ausência de comprovação científica e posicionarem-se sobre outras modalidades de tratamento antienvelhecimento ou que retardem ou modulem o processo de envelhecimento, conforme determinado na Resolução do CFM Nº 1.938 de 2010.
12) Os associados da SBGG devem estimular as políticas e as ações individuais para promoção da saúde do idoso e prevenção para o envelhecimento saudável, que já estão delineadas pela Organização Mundial de Saúde no programa “Envelhecimento Ativo” (http://www.who.int/ageing/active_ageing/en/index.html), e que são baseadas não só em ações médicas, mas também em ações educativas que promovam estilos de vida saudáveis, participação social e preservação e adequação do meio ambiente (nível de evidência A).
Referências Bibliográficas:
1. American College of Obstetricians and Gynecologists Committee on Gynecologic Practice: ACOG Committee Opinion No. 420, November 2008: hormone therapy and heart disease. Obstet. Gynecol. 2008; 112: 1189–1192.
2. American Medical Association. Report 5 of The Council on Science and Public Health. The Use of Hormones for “Antiaging”: A Review of Efficacy and Safety, 2010
3. Baker WL, Karan S, Kenny AM. Effect of Dehydroepiandrosterone on Muscle Strength and Physical Function in Older Adults: A Systematic Review. J Am Geriatr Soc 2011; 59: 997–1002.
4. Bassil N, Alkaade S, Morley JE. The benefits and risks of testosterone replacement therapy: a review. Ther. Clin. Risk Manag. 2009; 5: 427–448
5. Bhasin S, Cunningham GR, Hayes FJ et al. Testosterone therapy in adult men with androgen deficiency syndromes: an Endocrine Society clinical practice guideline. J. Clin. Endocrinol. Metab 2006; 91(6): 1995–2010 .
6. Bhasin S, Woodhouse L, Casaburi R et al. Older men are as responsive as young men to the anabolic effects of graded doses of testosterone on the skeletal muscle. J. Clin. Endocrinol. Metab. 2005; 90: 678–688.
7. Blackman MR, Sorkin JD, Munzer T et al. Growth Hormone and sex steroid administration in healthy aged women and men: a randomized controlled trial. JAMA 2002; 283:221–228.
8. Blackman MR. Use of Growth Hormone Secretagogues to Prevent or Treat the Effects of Aging: Not Yet Ready for Prime Time. Ann Intern Med 2008; 149(9): 677-679.
9. Boothby LA, Doering PL. Bioidentical hormone therapy: a panacea that lacks supportive evidence. Curr Opin Obstet Gynecol 2008; 20(4): 400-407.
10. Borst SE. Interventions for sarcopenia and muscle weakness in older people. A Sistematic Review. Age and ageing 2004: 33: 548-55.
11. Calof OM, Singh AB, Lee ML et al. Adverse events associated with testosterone replacement in middle-aged and older men: a meta-analysis of randomized, placebo-controlled trials. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2005; 60(11): 1451-1457.
12. Cirigliano M. Bioidentical hormone therapy: a review of the evidence. J Womens Health (Larchmt) 2007;16(5): 600-631.
13. Committee on Oversight and Government Reform: Committee holds hearing on myths and facts about human growth hormone, B12, and other substances. (12 February 2008). Disponível em: http://oversight-archive.waxman.house.gov/story.asp?ID=1740. Acessado em 10 de junho de 2011
14. Conselho Federal de Medicina. Resolução Nº 1.938 de 2010.
15. Directive 2005/36/EC of the European Parliament and of the Council of 7 September 2005 on the recognition of professional qualifications". European Parliament and Council. Retrieved 19 April 2011. Lists of specialities reconized in the European Union and European Economic Area.
16. Diretrizes de Climatério: Atenção Primária e Terapia Hormonal. Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
17. Diretrizes sobre Hipogonadismo Masculino Tardio: Diagnóstico e Tratamento. . Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
18. Diretrizes sobre Hipopituitarismo: Diagnóstico e Tratamento. Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
19. Diretrizes sobre Hipotiroidismo. Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
20. Drazem JM. Inappropriate Advertising of Dietary Supplements. N Engl J Med 2003; 348: 2255-2256.
21. Emmelot-Vonk MH, Verhaar HJJ, Pour HRN et al. Effect of testosterone supplementation on functional mobility, cognition, and other parameters in older men: a randomized controlled trial. JAMA 2008; 299: 39–52
22. Espeland MA, Rapp SR, Shumaker SA et al. Women’s Health Initiative Memory Study: Conjugated equine estrogens and global cognitive function in postmenopausal women: Women’s Health Initiative Memory Study. JAMA 2004; 291: 2959–2968.
23. Farquhar CM, Marjoribanks J, Lethaby A et al. Long term hormone therapy for perimenopausal and postmenopausal women (Cochrane Review). The Cochrane Library, 2007
24. Fernández-Balsells MM, Murad MH, Lane M et al. Clinical review 1: Adverse effects of testosterone therapy in adult men: a systematic review and meta-analysis. J Clin Endocrinol Metab 2010; 95(6): 2560-2575.
25. Giannoulis MG, Sonksen PH, Umpleby M et al. The effects of growth hormone and/or testosterone in healthy elderly men: a randomized controlled trial. J. Clin. Endocrinol. Metab. 2006; 91: 477–484.
26. Gorzoni ML, Pires SL. Há evidências científicas na medicina anti-envelhecimento? Na Bras Dermatol 2010; 85(1): 57-64
27. Grimley Evans J, Malouf R, Huppert F et al. Dehydroepiandrosteroneb (DHEA) supplementation for cognitive function in healthy elderly people (Cochrane Review). The Cochrane Library , 2007
28. Huang HY, Caballero B, Chang S et al. The Efficacy and Safety of Multivitamin and Mineral Supplement Use To Prevent Cancer and Chronic Disease in Adults: A Systematic Review for a National Institutes of Health State-of-the-Science Conference. Ann Intern Med 2006;145: 372-385.
29. IBGE. Censo Demográfico 2000: Características da População e dos Domicílios: Resultados do universo. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/default.shtm. Acessado em 12 de junho de 2011.
30. IBGE. Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 1980-2050 – Revisão 2004. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/metodologia.pdf. Acessado em 12 de junho de 2011.
31. IBGE. Síntese de Indicadores Sociais 2007. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2007/default.shtm. Acessado em 12 de junho de 2011.
32. IBGE.Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira, 2010. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pdf. Acessado em 12 de junho de 2011.
33. Kenney WL‚ Munce TA. Physiology of Aging. Invited Review: Aging and human temperature regulation. J Appl Physiol 2003; 95: 2598–2603.
34. Klein, EA, Thompson Jr IA, Tangen CM et al. Vitamin E and the Risk of Prostate Cancer. The Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial (SELECT). JAMA 2011; 306(14): 1549-1556.
35. Kokshoorn NE, Biermasz NR, Roelfsema F et al. GH replacement therapy in elderly GH-deficient patients: a systematic review. European Journal of Endocrinology 2011; 164 657–665.
36. Kritz-Silverstein D, von Mu¨hlen D, Laughlin GA, Bettencourt R. Effects of dehydroepiandrosterone supplementation on cognitive function and quality of life: the DHEA and Well-Ness (DAWN) Trial. J Am Geriatr Soc 2008; 56(7): 1292-1298.
37. Lee KO, Liao L, Mukherjee JJ. Does growthhormone prevent aging in the healthy elderly with low serum insulin-like growth factor-I ? Mechanisms of Ageing and Development 2004; 125(4): 291–295.
38. Liu H, Bravata DM, Ingram MS et al. Systematic Review: The Safety and Efficacy of Growth Hormone in the Healthy Elderly. Ann Intern Med 2007; 146:104-115.
39. Major JM, Laughlin GA, Kritz-Silverstein D et al. Insulin-like growth factor-I (IGF-I) and cancer mortality in older men. J. Clin. Endocrinol. Metab 2010; 95(3): 1054–1059.
40. Manson JE, Allison MA, Rossouw JE et al. Estrogen therapy and coronary-artery calcification. N. Engl. J. Med. 2007; 356: 2591–2602.
41. Melmed GY, Devlin SM, Vlotides G et al. Anti-aging therapy with human growth hormone associated with metastatic colon cancer in a patient with Crohn's colitis. Clin Gastroenterol Hepatol. 2008; 6(3): 360-363.
42. Miller III ER, Pastor-Barriuso R, Dalal D et al. Meta-Analysis: High-Dosage Vitamin E Supplementation May Increase All-Cause Mortality. Ann Intern Med 2005; 142: 37-46.
43. Molitch ME, Clemmons DR, Malozowski S et al. The Endocrine Society’s Clinical Guidelines Subcommittee of the Clinical Affairs Committee: Evaluation and treatment of adult growth hormone deficiency: an Endocrine Society Clinical Practice.
44. Muller M, van den Beld AW, van der Schouw YT et al. Effects of dehydroepiandrosterone and atamestane supplementation on frailty in elderly men. J. Clin. Endocrinol. Metab 2006; 91: 3988–3991.
45. Nair KS, Rizza RA, O’Brien P et al. DHEA in elderly women and DHEA or Testosterone in elderly men. N Engl J Med 2006; 355: 1647-1659.
46. Nass R, Puzzoli SS, Olivert MC et al. Effects of an Oral Ghrelin Mimetic on Body Composition and Clinical Outcomes in Healthy Older Adults. A Randomized Trial. Ann Intern Med 2008; 149: 601-611.
47. National Institute on Aging: Tips from the National Institute on Aging: can we prevent aging? Disponível em: https://www.sbgg.org.br/admin/www.nia.nih.gov/HealthInformation/%20Publications/preventaging.htm. Acessado em 10 de junho de 2011.
48. Olshansky SJ, Perls T. New developments in the illegal provision of growth hormone for “anti-aging” and bodybuilding. JAMA 2008; 299(23): 2792–2794.
49. Organização Pan-Americana da Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília, 2005.
50. Panjari M, Davis SR. DHEA for postmenopausal women: a review of the evidence. Maturitas 2010; 66(2): 172-179.
51. Percheron G, Hogrel J, Denot-Ledunois S et al. Effect of 1 year oral administration of dehydroepiandrosterone to 60-to 80 year-old individuals on muscle function and crosssectional area: a double-blind placebo-controlled trial. Arch. Intern. Med 2003; 163, 720–727.
52. Perls T. Anti-Aging Medicine: The Legal Issues - Anti-Aging Quackery: Human Growth Hormone and Tricks of the Trade - More Dangerous Than Ever. Journal of Gerontology: BIOLOGICAL SCIENCES 2004; 59A (7): 682–691.
53. Perls T, Reisman N, Olshansky J. Growth hormone for “anti-aging”: clinical and legal issues. JAMA 2005; 294: 2086–2090.
54. Perls T. Growth hormone and anabolic steroids: athletes are the tip of the iceberg. Drug Test. Anal. 2009; 1: 419–425.
55. Perls T, Wilmoth J, Levenson R et al. Life-long sustained mortality advantage of siblings of centenarians. Proc Natl Acad Sci USA, 2002 56. Perls T. Antiaging medicine: what should we tell to our patients. [editorial} Aging Health april 2010; 6(2): 149-154.
57. Rhoden EL, Morgentaler A. Risks of testosterone-replacement therapy and recommendations for monitoring. N. Engl. J. Med. 2004; 350: 482–492.
58. Robinowitz CB, Guerrero MG, Reference Committee E: The use of hormones for “antiaging”: a review of efficacy and safety. Report 5 of the American Medical Association Council on Science and Public Health (A09). Disponível em: https://www.sbgg.org.br/admin/www.ama-assn.org/ama1/pub/upload/%20mm/475/refcome.pdf. Acessado em 10 de junho de 2011
59. Rossouw JE, Prentice RL, Manson JE et al. Postmenopausal hormone therapy and risk of cardiovascular disease by age and years since menopause. JAMA 2007; 297: 1465–1477
60. Rowe JW, Kahn RL. Successful aging. The Gerontologist 1997; 37:4 33-440.
61. Rudman D, Feller AG, Nagraj HS et al. Effects of human growth hormone in men over 60 years old. N Engl J Med 1990; 323:1-6.
62. Sesso HD, Buring JE, Christen WG et al. Vitamins E and C in the Prevention of Cardiovascular Disease in Men: The Physicians' Health Study II Randomized Controlled Trial. JAMA 2008; 300(18): 2123-2133.
63. Schumaker SA, Legault C, Kuller L et al. Conjugated equine estrogens and incidence of probable dementia and mild cognitive impairment in postmenopausal women: Women’s Health Initiative memory study. JAMA 2004; 291: 2947–2958
64. Sreekumaran NK, Rizza RA, O’Brien P et al. DHEA in Elderly Women and DHEA or Testosterone in Elderly Men. N Engl J Med 2006; 355:1647-1659.
65. Stewart PM. Aging and Fountain-of-Youth Hormones. N Engl J Med 2006; 355: 1724-1726.
66. Storer TW, Woodhouse L, Magliano L et al. Changes in Muscle Mass, Muscle Strength, and Power but Not Physical Function Are Related to Testosterone Dose in Healthy Older Men. J Am Geriatr Soc 2008; 56(11): 1991–1999.
67. U.S. Preventive Services Task Force: Hormone therapy for the prevention of chronic conditions in postmenopausal women: recommendations from the US Preventive Services Task Force. Ann Intern Med 2005; 142: 855–860.
68. United States Federal Trade Commission: “HGH” pills and sprays: human growth hype? US Federal Trade Commission, Washington, DC, USA (2005).
69. United States General Accounting Office: Report to Chairman, Special Committee, on Aging, US Senate: health products for seniors. “Anti-aging” products pose potential for physical and economic harm (September 2001). Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.gao.gov/new.items/d011129.pdf. Acessado em 10 de junho de 2011.
70. US Federal Trade Commission: US Federal Trade Commission press release. FTC stops spammers selling bogus Hoodia weight-loss products and human growth hormone anti-aging products. US Federal Trade Commission, Washington, DC, USA (2007).
71. Vance ML. Can Growth Hormone Prevent Aging. N Engl J Med 2003; 348: 779-780.
72. Vance ML. Growth hormone for the elderly? N Engl J Med 1990; 323: 52-54.
73. Villareal DT, Holloszy JO: Effect of DHEA on abdominal fat and insulin action in elderly women and men: a randomized controlled trial. JAMA 2004; 292: 2243–2248.
74. Warshaw GA, Bragg EJ, Fried LP, Hall WJ. Which Patients Benefit the Most from a Geriatrician’s Care? Consensus Among Directors of Geriatrics Academic Programs. JAGS, 2008
75. Widdowson WM, Gibney J. The effect of growth hormone (GH) replacement on muscle strength in patients with GH-deficiency: a meta-analysis. Clin Endocrinol 2010; 72(6): 787-92.
76. Women’s Health Initiative Steering Committee: Effects of conjugated equine estrogens in postmenopausal women with hysterectomy: the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2004; 291: 1701–1712.
77. World Health Organization. Active Ageing A Policy Framework. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/hq/2002/WHO_NMH_NPH_02.8.pdf. Acessado em 6 de junho de 2001.
78. World Health Organization. Good health adds life to years. Global brief for World Health Day 2012. Disponível em: http://www.who.int/ageing/publications/whd2012_global_brief/en/index.html. Acessado em abril de 2012.
79. Writing Group for the Women’s Health Initiative Investigators: Risks and benefits of estrogen plus progestin in healthy postmenopausal women: principal results from the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2002; 288: 321–333.
Rio de Janeiro, 02 de maio de 2012
Profª Drª Silvia Regina Mendes Pereira
Presidente da SBGG.
Nos anos 90, a fração de idosos era de aproximadamente 10 milhões de indivíduos, ou seja, 7,0% da população total do Brasil. E, de acordo dados preliminares do Censo Demográfico de 2010 (IBGE), atualmente os idosos respondem por cerca de 11,3% da população, com aproximadamente de 21 milhões de indivíduos. As previsões são de que, em 2025, o Brasil terá mais de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos, aproximadamente 15% da população, e de que, em 2040, a população geriátrica brasileira ultrapassará, em proporção e números absolutos, a população infantil.
Além disso, o grupo dos “muito idosos” (80 anos e mais) é o que mais cresce proporcionalmente no país, sendo, também, o segmento que engloba os indivíduos mais frágeis e portadores múltiplas doenças crônicas e de incapacidade funcional. De acordo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total brasileira cresceu, em 10 anos, (1997-2007) 21,6%, ao passo que a população de 60 anos ou mais cresceu 47,8%, sendo que a faixa dos 80 anos ou mais, 65%. A previsão é de que esse grupo de “muito idosos” cresça, até 2050, duas vezes mais do que o aumento da população com 60 anos ou mais.
Considerando-se que, à medida que as pessoas atingem idades avançadas, aumenta o risco de que elas adquiram doenças crônicas e desenvolvam incapacidades, conclui-se que os médicos irão atender pacientes cada vez mais idosos, frágeis e com múltiplas doenças crônicas. Portanto, ações de promoção de saúde e preventivas se fazem necessárias no sentido de minimizar o impacto das doenças crônicas e da incapacidade sobre os indivíduos e a sociedade.
Tendo em vista que proliferam no Brasil propostas de tratamentos que visam prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento, bem como prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável através de reposição hormonal, suplementação vitamínica e/ou uso de anti-oxidantes, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia designou um grupo de especialistas para realizar revisão da literatura com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança do uso dessas substâncias com os fins acima citados.
Foram consultadas 164 referências bibliográficas publicadas a partir do ano de1990 e utilizadas 79 delas, correspondendo a:
1. Artigos contendo estudos observacionais, ensaios randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises publicados em periódicos nacionais e internacionais, indexados no Medline, Lilacs e Scielo.
2. Artigos de revisão publicados periódicos nacionais e internacionais, indexados no Medline, Lilacs e Scielo.
3. Opiniões e editoriais publicados por renomados especialistas em periódicos nacionais e internacionais, indexados no Medline, Lilacs e Scielo.
4. Dados demográficos publicados, em versão eletrônica, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
5. Recomendações publicadas pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização Panamericana de Saúde em seus respectivos portais na internet.
6. Diretrizes e Guidelines publicados por sociedades de especialidade, reconhecidas em seus países, incluindo de nações membros da União Européia, do Brasil, do Canadá e dos Estados Unidos da América.
7. Normas técnicas, resoluções e recomendações de órgãos governamentais e agências reguladoras da União Européia, do Brasil e dos Estados Unidos da América.
Para a avaliação do grau de recomendação e da força de evide^ncia, foram utilizados os critérios adotados no Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), assim definidos:
Nível de evidência A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência.
Nível de evidência B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistêcia.
Nível de evidência C: Relatos ou se´ries de casos.
Nível de evidência D: Publicac¸o~es baseadas em consensos ou opiniões de especialistas.
Considere-se que:
1. em estudos clínicos de boa qualidade metodológica, nenhuma vitamina, antioxidante, reposição hormonal ou qualquer outra substância demonstrou ser capaz de retardar ou reverter o processo do envelhecimento (nível de evidência A);
2.deve-se ter cautela com quaisquer informações diferentes daquelas fornecidas por estudos de relevância científica, pois determinados tratamentos podem ser danosos tanto do ponto de vista econômico como da saúde coletiva e individual;
3. os idosos são mais sensíveis à iatrogenia e aos efeitos adversos dos medicamentos (nível de evidência A); portanto, a prescrição para quaisquer indivíduos, principalmente os mais vulneráveis, deve ser baseada em evidências de eficácia e segurança, bem como em indicações estabelecidas cientificamente;
4. é dever do médico e dos demais profissionais de saúde empreenderem ações preventivas e que se reconhece como prevenção quaternária as ações que detectam indivíduos em risco de tratamento excessivo para protegê-los de novas intervenções inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis;
5. é vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda não aceita pela comunidade científica;
6. proliferam cursos de extensão, educação continuada e pós-graduação medicina antienvelhecimento, ou com denominações diferentes, mas cuja base é o treinamento de profissionais para a prescrição de hormônios e outros tratamentos ainda sem comprovação científica, com o suposto objetivo de prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento;
7. inúmeros estudos, de excelente qualidade científica, tem demonstrado a influência do estilo de vida saudável, das atividades físicas e da dieta balanceada para o que se convencionou chamar de envelhecimento bem-sucedido, ativo ou saudável, e que essas orientações jamais devem ser esquecidas na prática clínica.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia posiciona-se apresentando as seguintes recomendações aos seus associados médicos e membros do Departamento de Gerontologia:
1) Diante da extensa literatura já publicada sobre o assunto e como ainda não existem evidências científicas de que o processo do envelhecimento seja causado pela redução da produção hormonal, está contraindicada a prescrição de terapia de reposição de hormônios como terapêutica antienvelhecimento com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento; prevenir a perda funcional da velhice; e prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento e/ou longevidade saudável (Nível de evidência A).
2) Conforme determina a Resolução do CFM Nº 1.938 de 2010, é vedada a utilização do EDTA, procaína, vitaminas e antioxidantes como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônicas degenerativas,.
3) Existem evidências de que algumas vitaminas e antioxidantes podem aumentar o risco de câncer; portanto, a sua suplementação em idosos deve ser recomendada apenas nos casos de benefícios comprovados e/ou de deficiência documentada por exames confiáveis (nível de evidência A).
4) Como não existem evidências de que a reposição de testosterona aumente a função e o desempenho físico e melhore a qualidade de vida e a funcionalidade do idoso (nível de evidência A), a reposição androgênica para homens de meia-idade e idosos deve ser indicada somente nos casos de deficiência clínica e laboratorialmente comprovada, em que os benefícios suplantem os riscos, respeitando-se a autonomia dos pacientes em recusar ou aceitar o tratamento, de conformidade com as diretrizes elaboradas pelas sociedades de especialidades médicas envolvidas (Endocrinologia, Urologia, Clínica Médica, Geriatria).
5) A reposição estrogênica em mulheres no climatério e pós-menopausa pode aumentar o risco de doença cardiovascular e câncer (nível de evidência A); portanto, ela está indicada nos casos em que os benefícios suplantem os riscos, respeitando-se a autonomia das pacientes em recusar ou não o tratamento, e de acordo com as diretrizes estabelecidas pelas sociedades de especialidades médicas envolvidas (Endocrinologia, Ginecologia, Clínica Médica, Geriatria).
6) As reposições de hormônios tiroidianos e adrenais devem se restringir aos casos de deficiências clínica e laboratorialmente comprovadas, pois não existem evidências de que a sua reposição, na ausência de deficiências, previna, retarde, module ou reverta o processo de envelhecimento, reduza a perda funcional na velhice, previna doenças crônicas, bem como contribua para o envelhecimento saudável (Nível de evidência B).
7) A reposição de hormônio do crescimento deve ser indicada nos casos de deficiência clinica e laboratorialmente comprovada, pesando-se os riscos-benefícios. No caso de indivíduos idosos e de meia idade saudáveis, está contra-indicada a sua prescrição com o objetivo de reduzir os efeitos do envelhecimento, tendo em vista que, apesar de seus efeitos na constituição corporal, não existem evidências de que o hormônio do crescimento possa prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento, reduzir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas ou mesmo contribua para o envelhecimento saudável. Além disso, o hormônio do crescimento pode causar sérios efeitos adversos, principalmente nos idosos com doenças crônicas. Dentre esses efeitos, os mais importantes são diabete, síndrome do túnel do carpo e atralgias (Nível de evidência A). 8) Existem evidências de que a reposição de hormônio do crescimento aumente a incidência de cânceres; portanto nos casos em que ela for recomendada, deve-se monitorar o paciente quanto a esses possíveis efeitos (nível de evidência C).
9) A prescrição da DHEA (dehidroepiandrosterona) com os objetivos de prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento, reduzir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas não deve ser indicada, pois não existem evidências que a justifiquem nessas situações (nível de evidência A).
10) Não deve ser indicada a prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento e/ou longevidade saudável. Isso porque não existem evidências de que esses medicamentos sejam mais seguros ou sequer que se mostrem eficazes para esses fins (nível de evidência B).
11) Objetivando evitar danos a saúde da população, os associados da SBGG devem esclarecer à sociedade sobre a ausência de comprovação científica e posicionarem-se sobre outras modalidades de tratamento antienvelhecimento ou que retardem ou modulem o processo de envelhecimento, conforme determinado na Resolução do CFM Nº 1.938 de 2010.
12) Os associados da SBGG devem estimular as políticas e as ações individuais para promoção da saúde do idoso e prevenção para o envelhecimento saudável, que já estão delineadas pela Organização Mundial de Saúde no programa “Envelhecimento Ativo” (http://www.who.int/ageing/active_ageing/en/index.html), e que são baseadas não só em ações médicas, mas também em ações educativas que promovam estilos de vida saudáveis, participação social e preservação e adequação do meio ambiente (nível de evidência A).
Referências Bibliográficas:
1. American College of Obstetricians and Gynecologists Committee on Gynecologic Practice: ACOG Committee Opinion No. 420, November 2008: hormone therapy and heart disease. Obstet. Gynecol. 2008; 112: 1189–1192.
2. American Medical Association. Report 5 of The Council on Science and Public Health. The Use of Hormones for “Antiaging”: A Review of Efficacy and Safety, 2010
3. Baker WL, Karan S, Kenny AM. Effect of Dehydroepiandrosterone on Muscle Strength and Physical Function in Older Adults: A Systematic Review. J Am Geriatr Soc 2011; 59: 997–1002.
4. Bassil N, Alkaade S, Morley JE. The benefits and risks of testosterone replacement therapy: a review. Ther. Clin. Risk Manag. 2009; 5: 427–448
5. Bhasin S, Cunningham GR, Hayes FJ et al. Testosterone therapy in adult men with androgen deficiency syndromes: an Endocrine Society clinical practice guideline. J. Clin. Endocrinol. Metab 2006; 91(6): 1995–2010 .
6. Bhasin S, Woodhouse L, Casaburi R et al. Older men are as responsive as young men to the anabolic effects of graded doses of testosterone on the skeletal muscle. J. Clin. Endocrinol. Metab. 2005; 90: 678–688.
7. Blackman MR, Sorkin JD, Munzer T et al. Growth Hormone and sex steroid administration in healthy aged women and men: a randomized controlled trial. JAMA 2002; 283:221–228.
8. Blackman MR. Use of Growth Hormone Secretagogues to Prevent or Treat the Effects of Aging: Not Yet Ready for Prime Time. Ann Intern Med 2008; 149(9): 677-679.
9. Boothby LA, Doering PL. Bioidentical hormone therapy: a panacea that lacks supportive evidence. Curr Opin Obstet Gynecol 2008; 20(4): 400-407.
10. Borst SE. Interventions for sarcopenia and muscle weakness in older people. A Sistematic Review. Age and ageing 2004: 33: 548-55.
11. Calof OM, Singh AB, Lee ML et al. Adverse events associated with testosterone replacement in middle-aged and older men: a meta-analysis of randomized, placebo-controlled trials. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2005; 60(11): 1451-1457.
12. Cirigliano M. Bioidentical hormone therapy: a review of the evidence. J Womens Health (Larchmt) 2007;16(5): 600-631.
13. Committee on Oversight and Government Reform: Committee holds hearing on myths and facts about human growth hormone, B12, and other substances. (12 February 2008). Disponível em: http://oversight-archive.waxman.house.gov/story.asp?ID=1740. Acessado em 10 de junho de 2011
14. Conselho Federal de Medicina. Resolução Nº 1.938 de 2010.
15. Directive 2005/36/EC of the European Parliament and of the Council of 7 September 2005 on the recognition of professional qualifications". European Parliament and Council. Retrieved 19 April 2011. Lists of specialities reconized in the European Union and European Economic Area.
16. Diretrizes de Climatério: Atenção Primária e Terapia Hormonal. Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
17. Diretrizes sobre Hipogonadismo Masculino Tardio: Diagnóstico e Tratamento. . Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
18. Diretrizes sobre Hipopituitarismo: Diagnóstico e Tratamento. Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
19. Diretrizes sobre Hipotiroidismo. Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira. Projeto Diretrizes. Diretrizes por Especialidades. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/novas_diretrizes_sociedades.php. Acessado em 8 de junho de 2011
20. Drazem JM. Inappropriate Advertising of Dietary Supplements. N Engl J Med 2003; 348: 2255-2256.
21. Emmelot-Vonk MH, Verhaar HJJ, Pour HRN et al. Effect of testosterone supplementation on functional mobility, cognition, and other parameters in older men: a randomized controlled trial. JAMA 2008; 299: 39–52
22. Espeland MA, Rapp SR, Shumaker SA et al. Women’s Health Initiative Memory Study: Conjugated equine estrogens and global cognitive function in postmenopausal women: Women’s Health Initiative Memory Study. JAMA 2004; 291: 2959–2968.
23. Farquhar CM, Marjoribanks J, Lethaby A et al. Long term hormone therapy for perimenopausal and postmenopausal women (Cochrane Review). The Cochrane Library, 2007
24. Fernández-Balsells MM, Murad MH, Lane M et al. Clinical review 1: Adverse effects of testosterone therapy in adult men: a systematic review and meta-analysis. J Clin Endocrinol Metab 2010; 95(6): 2560-2575.
25. Giannoulis MG, Sonksen PH, Umpleby M et al. The effects of growth hormone and/or testosterone in healthy elderly men: a randomized controlled trial. J. Clin. Endocrinol. Metab. 2006; 91: 477–484.
26. Gorzoni ML, Pires SL. Há evidências científicas na medicina anti-envelhecimento? Na Bras Dermatol 2010; 85(1): 57-64
27. Grimley Evans J, Malouf R, Huppert F et al. Dehydroepiandrosteroneb (DHEA) supplementation for cognitive function in healthy elderly people (Cochrane Review). The Cochrane Library , 2007
28. Huang HY, Caballero B, Chang S et al. The Efficacy and Safety of Multivitamin and Mineral Supplement Use To Prevent Cancer and Chronic Disease in Adults: A Systematic Review for a National Institutes of Health State-of-the-Science Conference. Ann Intern Med 2006;145: 372-385.
29. IBGE. Censo Demográfico 2000: Características da População e dos Domicílios: Resultados do universo. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/default.shtm. Acessado em 12 de junho de 2011.
30. IBGE. Projeção da população do Brasil por sexo e idade para o período 1980-2050 – Revisão 2004. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/metodologia.pdf. Acessado em 12 de junho de 2011.
31. IBGE. Síntese de Indicadores Sociais 2007. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2007/default.shtm. Acessado em 12 de junho de 2011.
32. IBGE.Síntese de Indicadores Sociais Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira, 2010. Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pdf. Acessado em 12 de junho de 2011.
33. Kenney WL‚ Munce TA. Physiology of Aging. Invited Review: Aging and human temperature regulation. J Appl Physiol 2003; 95: 2598–2603.
34. Klein, EA, Thompson Jr IA, Tangen CM et al. Vitamin E and the Risk of Prostate Cancer. The Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial (SELECT). JAMA 2011; 306(14): 1549-1556.
35. Kokshoorn NE, Biermasz NR, Roelfsema F et al. GH replacement therapy in elderly GH-deficient patients: a systematic review. European Journal of Endocrinology 2011; 164 657–665.
36. Kritz-Silverstein D, von Mu¨hlen D, Laughlin GA, Bettencourt R. Effects of dehydroepiandrosterone supplementation on cognitive function and quality of life: the DHEA and Well-Ness (DAWN) Trial. J Am Geriatr Soc 2008; 56(7): 1292-1298.
37. Lee KO, Liao L, Mukherjee JJ. Does growthhormone prevent aging in the healthy elderly with low serum insulin-like growth factor-I ? Mechanisms of Ageing and Development 2004; 125(4): 291–295.
38. Liu H, Bravata DM, Ingram MS et al. Systematic Review: The Safety and Efficacy of Growth Hormone in the Healthy Elderly. Ann Intern Med 2007; 146:104-115.
39. Major JM, Laughlin GA, Kritz-Silverstein D et al. Insulin-like growth factor-I (IGF-I) and cancer mortality in older men. J. Clin. Endocrinol. Metab 2010; 95(3): 1054–1059.
40. Manson JE, Allison MA, Rossouw JE et al. Estrogen therapy and coronary-artery calcification. N. Engl. J. Med. 2007; 356: 2591–2602.
41. Melmed GY, Devlin SM, Vlotides G et al. Anti-aging therapy with human growth hormone associated with metastatic colon cancer in a patient with Crohn's colitis. Clin Gastroenterol Hepatol. 2008; 6(3): 360-363.
42. Miller III ER, Pastor-Barriuso R, Dalal D et al. Meta-Analysis: High-Dosage Vitamin E Supplementation May Increase All-Cause Mortality. Ann Intern Med 2005; 142: 37-46.
43. Molitch ME, Clemmons DR, Malozowski S et al. The Endocrine Society’s Clinical Guidelines Subcommittee of the Clinical Affairs Committee: Evaluation and treatment of adult growth hormone deficiency: an Endocrine Society Clinical Practice.
44. Muller M, van den Beld AW, van der Schouw YT et al. Effects of dehydroepiandrosterone and atamestane supplementation on frailty in elderly men. J. Clin. Endocrinol. Metab 2006; 91: 3988–3991.
45. Nair KS, Rizza RA, O’Brien P et al. DHEA in elderly women and DHEA or Testosterone in elderly men. N Engl J Med 2006; 355: 1647-1659.
46. Nass R, Puzzoli SS, Olivert MC et al. Effects of an Oral Ghrelin Mimetic on Body Composition and Clinical Outcomes in Healthy Older Adults. A Randomized Trial. Ann Intern Med 2008; 149: 601-611.
47. National Institute on Aging: Tips from the National Institute on Aging: can we prevent aging? Disponível em: https://www.sbgg.org.br/admin/www.nia.nih.gov/HealthInformation/%20Publications/preventaging.htm. Acessado em 10 de junho de 2011.
48. Olshansky SJ, Perls T. New developments in the illegal provision of growth hormone for “anti-aging” and bodybuilding. JAMA 2008; 299(23): 2792–2794.
49. Organização Pan-Americana da Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília, 2005.
50. Panjari M, Davis SR. DHEA for postmenopausal women: a review of the evidence. Maturitas 2010; 66(2): 172-179.
51. Percheron G, Hogrel J, Denot-Ledunois S et al. Effect of 1 year oral administration of dehydroepiandrosterone to 60-to 80 year-old individuals on muscle function and crosssectional area: a double-blind placebo-controlled trial. Arch. Intern. Med 2003; 163, 720–727.
52. Perls T. Anti-Aging Medicine: The Legal Issues - Anti-Aging Quackery: Human Growth Hormone and Tricks of the Trade - More Dangerous Than Ever. Journal of Gerontology: BIOLOGICAL SCIENCES 2004; 59A (7): 682–691.
53. Perls T, Reisman N, Olshansky J. Growth hormone for “anti-aging”: clinical and legal issues. JAMA 2005; 294: 2086–2090.
54. Perls T. Growth hormone and anabolic steroids: athletes are the tip of the iceberg. Drug Test. Anal. 2009; 1: 419–425.
55. Perls T, Wilmoth J, Levenson R et al. Life-long sustained mortality advantage of siblings of centenarians. Proc Natl Acad Sci USA, 2002 56. Perls T. Antiaging medicine: what should we tell to our patients. [editorial} Aging Health april 2010; 6(2): 149-154.
57. Rhoden EL, Morgentaler A. Risks of testosterone-replacement therapy and recommendations for monitoring. N. Engl. J. Med. 2004; 350: 482–492.
58. Robinowitz CB, Guerrero MG, Reference Committee E: The use of hormones for “antiaging”: a review of efficacy and safety. Report 5 of the American Medical Association Council on Science and Public Health (A09). Disponível em: https://www.sbgg.org.br/admin/www.ama-assn.org/ama1/pub/upload/%20mm/475/refcome.pdf. Acessado em 10 de junho de 2011
59. Rossouw JE, Prentice RL, Manson JE et al. Postmenopausal hormone therapy and risk of cardiovascular disease by age and years since menopause. JAMA 2007; 297: 1465–1477
60. Rowe JW, Kahn RL. Successful aging. The Gerontologist 1997; 37:4 33-440.
61. Rudman D, Feller AG, Nagraj HS et al. Effects of human growth hormone in men over 60 years old. N Engl J Med 1990; 323:1-6.
62. Sesso HD, Buring JE, Christen WG et al. Vitamins E and C in the Prevention of Cardiovascular Disease in Men: The Physicians' Health Study II Randomized Controlled Trial. JAMA 2008; 300(18): 2123-2133.
63. Schumaker SA, Legault C, Kuller L et al. Conjugated equine estrogens and incidence of probable dementia and mild cognitive impairment in postmenopausal women: Women’s Health Initiative memory study. JAMA 2004; 291: 2947–2958
64. Sreekumaran NK, Rizza RA, O’Brien P et al. DHEA in Elderly Women and DHEA or Testosterone in Elderly Men. N Engl J Med 2006; 355:1647-1659.
65. Stewart PM. Aging and Fountain-of-Youth Hormones. N Engl J Med 2006; 355: 1724-1726.
66. Storer TW, Woodhouse L, Magliano L et al. Changes in Muscle Mass, Muscle Strength, and Power but Not Physical Function Are Related to Testosterone Dose in Healthy Older Men. J Am Geriatr Soc 2008; 56(11): 1991–1999.
67. U.S. Preventive Services Task Force: Hormone therapy for the prevention of chronic conditions in postmenopausal women: recommendations from the US Preventive Services Task Force. Ann Intern Med 2005; 142: 855–860.
68. United States Federal Trade Commission: “HGH” pills and sprays: human growth hype? US Federal Trade Commission, Washington, DC, USA (2005).
69. United States General Accounting Office: Report to Chairman, Special Committee, on Aging, US Senate: health products for seniors. “Anti-aging” products pose potential for physical and economic harm (September 2001). Disponível em: https://www.sbgg.org.br/www.gao.gov/new.items/d011129.pdf. Acessado em 10 de junho de 2011.
70. US Federal Trade Commission: US Federal Trade Commission press release. FTC stops spammers selling bogus Hoodia weight-loss products and human growth hormone anti-aging products. US Federal Trade Commission, Washington, DC, USA (2007).
71. Vance ML. Can Growth Hormone Prevent Aging. N Engl J Med 2003; 348: 779-780.
72. Vance ML. Growth hormone for the elderly? N Engl J Med 1990; 323: 52-54.
73. Villareal DT, Holloszy JO: Effect of DHEA on abdominal fat and insulin action in elderly women and men: a randomized controlled trial. JAMA 2004; 292: 2243–2248.
74. Warshaw GA, Bragg EJ, Fried LP, Hall WJ. Which Patients Benefit the Most from a Geriatrician’s Care? Consensus Among Directors of Geriatrics Academic Programs. JAGS, 2008
75. Widdowson WM, Gibney J. The effect of growth hormone (GH) replacement on muscle strength in patients with GH-deficiency: a meta-analysis. Clin Endocrinol 2010; 72(6): 787-92.
76. Women’s Health Initiative Steering Committee: Effects of conjugated equine estrogens in postmenopausal women with hysterectomy: the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2004; 291: 1701–1712.
77. World Health Organization. Active Ageing A Policy Framework. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/hq/2002/WHO_NMH_NPH_02.8.pdf. Acessado em 6 de junho de 2001.
78. World Health Organization. Good health adds life to years. Global brief for World Health Day 2012. Disponível em: http://www.who.int/ageing/publications/whd2012_global_brief/en/index.html. Acessado em abril de 2012.
79. Writing Group for the Women’s Health Initiative Investigators: Risks and benefits of estrogen plus progestin in healthy postmenopausal women: principal results from the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2002; 288: 321–333.
Rio de Janeiro, 02 de maio de 2012
Profª Drª Silvia Regina Mendes Pereira
Presidente da SBGG.