A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil é o tema da nona edição do boletim do OAPS/CDV, que traz entrevistas com as pesquisadoras Patty Fidelis (ISC/UFF) e Guadalupe Medina (ISC/UFBA) discutindo as principais ameaças aos avanços na organização da Atenção Básica no país, os impactos do Programa Mais Médicos (PMM) para a consolidação da APS e os desafios enfrentados na atual conjuntura brasileira.
Para acessar o conteúdo completo do boletim e baixar a versão em PDF, clique aqui.
Institucionalizado pela Lei 12.871 de outubro de 2013, o PMM foi implantado em 4.058 municípios brasileiros e nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, contando com cerca de 18 mil médicos/as. O programa é objeto de análise de um conjunto expressivo de pesquisas que busca avaliar sua implementação e seus possíveis efeitos em várias dimensões, especialmente no que diz respeito ao provimento emergencial de médicos para a APS. “A grande maioria dos estudos buscou investigar como estes profissionais se distribuíram pelo território nacional, se contribuíram para a diminuição das iniquidades regionais, se houve melhoria dos indicadores de saúde e fortalecimento da APS, como se inseriram no processo de trabalho das equipes, qual a percepção e satisfação dos usuários sobre os médicos do PMM, possíveis mudanças no modelo assistencial. Os resultados parecem sinalizar efeitos positivos em todos estes campos, mas com desafios a serem enfrentados”, aponta a pesquisadora Patty Fidelis.
A análise da Estratégia Saúde da Família (ESF) no contexto da rede de atenção à saúde, disponível no artigo “A posição da Estratégia Saúde da Família na rede de atenção à saúde na perspectiva das equipes e usuários participantes do PMAQ-AB” (Revista Saúde em Debate), indica que, em 2012, 95% dos municípios brasileiros contavam com um total de 33.404 equipes implantadas, um potencial de abrangência de 55% da população. Ainda assim, existiam disparidades no acesso e na oferta de cuidados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos municípios visitados que refletem, em parte, as desigualdades sociais do contexto brasileiro, com consequências no acesso e uso dos serviços de APS. Já o acompanhamento da Política Nacional de Atenção Básica feito pelo eixo “Estudos e Pesquisas em Atenção Primária e Promoção da Saúde” do OAPS aponta aumento da cobertura populacional da ESF de 2012 até o momento – em 2016, a cobertura estimada foi de 63,6%, com 40.067 equipes de saúde da família implantadas em 5.382 municípios.
Matéria publicada no Observatório de Análise Política em Saúde