quarta-feira, 15 de junho de 2016

CSP debate mídia e comunicação da saúde


A revista Cadernos de Saúde Pública de fevereiro de 2016 (volume 32 número 2) traz, na seçãoPerspectivas, um debate sobre a relação dos negócios da mídia e a comunicação da saúde. O coordenador da revista Radis, da ENSP, Rogério Lannes Rocha, lembra um caso emblemático de jornalismo contrário ao interesse público: a cobertura dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo sobre o maior desastre socioambiental do país, que atingiu o município mineiro de Mariana e todo o Vale do Rio Doce, provocado pela mineradora Samarco, de propriedade da brasileira Vale e da anglo-australiana BHP Billiton. O rompimento das barragens de Fundão e Santarém, em 05/11/15, liberou 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, que desceram arrastando tudo que encontravam pelo caminho. Os primeiros atingidos foram os trabalhadores, depois a população do distrito de Bento Rodrigues (destruído pela lama) e outros quatro distritos de Mariana. A prefeitura contabilizou 631 desabrigados e, até 16/12/15, o total de 17 mortos (a maioria, trabalhadores da mineração) e dois desaparecidos. Para Lannes, o jornalismo de algumas empresas de comunicação, além de não investigar causas e responsabilidades do desastre e dar tardia e insuficiente atenção ao desolamento existencial e estado de depressão das populações atingidas, ignorou outros aspectos caros à saúde coletiva, como a forma de utilização pelas companhias de mineração de recursos escassos, como terra e água, e o modo como elas tratam a força de trabalho e as populações nas regiões onde atuam. SAIBA MAIS