sábado, 20 de abril de 2013

Resposta de Conselheiro de Saúde a Materia do Jornal AGORA sobre Hospital Vermelhinho


Enviei o texto abaixo ao jornal. Não sei se eles publicarão. É um texto que reflete a maneira pela qual nós conselheiros enxergamos a situação...

Sou conselheiro, representante da população usuária deste Hospital  que à época de sua inauguração em 1992, adotou o codinome de Hospital Vermelhinho devido ao prédio ter sido pintado de vermelho. Desde então jamais passou por uma reforma. Vários prefeitos entraram e saíram, mas, nenhum foi responsável a ponto de entender que o prédio precisava ser conservado. Hoje, ano de 2013, o hospital não tem nada de vermelhinho, a bem da verdade deveríamos alterar o codinome para Hospital Enferrujadinho, ..., Estragadinho, ... Marronzinho...
Mas, esse não é o caso que me leva a entrar em contato com o jornal Agora.
Atualmente, o sistema de atendimento de urgência e emergência da cidade de São Paulo não funciona adequadamente. Ocorre uma entropia no sistema, uma desorganização que se acumula ao longo dos anos e de sucessivos governos de diferentes ideologias partidárias. Há uma discrepância no repasse de recursos e alguns hospitais que deveriam receber um pouco mais, recebem de menos, e outros que não precisariam receber tanto, acabam continuando recebendo esse tanto.
Com relação ao Hospital Vermelhinho, cremos que ele esteja sendo sacrificado pela rede municipal. Hoje o hospital recebe pacientes oriundos de diversas regiões da cidade. Aqui na zona norte, O Hospital São Luiz Gonzaga situado no Jaçanã, apesar de receber mais dinheiro do que o Hospital Vermelhinho, segundo nos informa a população local, não tem funcionado a contento, o que acaba provocando uma demanda espontânea de moradores daquela região para o Hospital Vermelhinho. O Hospital Municipal do Tatuapé, nosso vizinho, também não atende como deveria atender um hospital de porte terciário como ele é, e compromete principalmente o setor de ortopedia do Hospital Vermelhinho, que na verdade é um hospital pequeno de porte secundário. Muitos pacientes oriundos do Tucuruvi, Mandaqui e Tremembé acabam chegando ao Hospital Vermelhinho, devido às deficiências do Complexo Hospitalar do Mandaqui, cujo pronto socorro passou por longo tempo em reforma e ainda não voltou a funcionar com 100% do seu gás. Vale lembrar que esse hospital já deveria ter sido municipalizado, mas infelizmente ainda continua sob a gestão do governo estadual. Pacientes oriundos da região de Guainases, vêem até o Hospital Vermelhinho e aqui permanecem com a queixa de que não encontram bom atendimento no Hospital Santa Marcelina, outro hospital estadual que precisa ser municipalizado. Muitos pacientes da cidade de Guarulhos também são atendidos no Hospital Vermelhinho.
Outro detalhe é o que se refere aos pacientes levados diariamente ao hospital por ambulâncias do SAMU, ambulâncias das AMA’s e de outras unidades que conseguem encaminhamento através de Regulação de Vagas. Em média o SAMU leva diariamente em torno de 12 pacientes em estado grave para o Hospital Vermelhinho. E o que nos aflige é que são ambulâncias do SAMU de procedência de outras regiões – Jaraguá, Bom Retiro, Perú, Jaçanã, Penha, Ermelino Matarazzo, Guaianazes, Vila Alpina, etc... E existem hospitais mais próximos a esses locais. Todos os dias por volta das 17 horas, em média 10 ambulâncias por dia  chegam ao hospital com pacientes provenientes das AMA’s. Ocorre que as AMA’s funcionam até as 19 horas e os pacientes que ainda não foram resolvidos pelo plantão médico dessas unidades acabam ajudando na superlotação do pronto socorro do hospital.
Gostaria também de salientar que o pronto socorro do Hospital Vermelhinho tem capacidade para atender 16 pacientes, e tem atendido em média 35 pacientes com pico que chegou a 54 pacientes na semana passada. E pior do que isso é que 85% desses pacientes são idosos. O que nos leva ao entendimento de que o idoso não está sendo atendido como deveria no quesito prevenção que é de responsabilidade da atenção básica, ou seja, o sistema público de saude não se preparou ao longo do tempo para enfrentar essa nova realidade que é a do idoso. Com isso os pronto socorros de hospitais, sobretudo o do Hospital Vermelhinho, acabam virando um depositário de idosos que chegam lá em condições criticas, e os que conseguem se recuperar ficam internados no mínimo duas semanas, aumentando com isto o custo hospitalar.
De qualquer modo o Hospital Vermelhinho, funciona com a porta do pronto socorro escancaradamente aberta, e conforme preconiza o Sistema Único de Saúde (SUS) não nega atendimento a ninguém. Eis aí alguns dos motivos que levam ao quadro ruim de macas pelos corredores apresentados pelo jornal Agora.
O prefeito Haddad, segundo fui informado, deverá visitar a região de Vila Maria nos próximos dias. Obviamente que ele precisa ver ao vivo e em cores distorcidas os fatos apresentados na sua reportagem.
Eduardo Bizon
Conselheiro do Hospital Municipal Vereador José Storópolli

Recomendo lerem a matéria no link abaixo...

Encaminhado por Email pela Conselheira do Conselho Regina da Costa e Silva