Os resultados da pesquisa Crack e Exclusão Social apontam para o fato de que o uso de crack é consequência, e não causa da exclusão social. A pesquisa foi encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e Cidadania (Senad/MJ) devido ao contexto de consumo da droga no país, evidenciado pelos resultados da Pesquisa Nacional sobre Crack, desenvolvida pela Fiocruz. De acordo Leon Garcia, psiquiatra e diretor de Articulação e Projetos da Senad à época em que a pesquisa foi solicitada, percebeu-se a necessidade de entender a relação sociológica do tema. Após a realização de duas centenas de entrevistas com usuários e profissionais de saúde mental, a pesquisa mostrou que o uso do crack piora a situação de pessoas que não têm laços familiares, moradia, trabalho e estudo, mas que esses problemas chegaram antes da dependência na substância. “Em 2009, o país começou a discutir a questão do crack; porém, essa discussão se deu muito mais em relação ao tema da segurança pública. Isso trouxe respostas de forças repressivas e a consequente repressão de direitos dos usuários da droga. As cenas de uso - apresentadas na Pesquisa Nacional - mostravam a profunda relação de miséria em que essas pessoas vivem. Existe uma associação enorme entre miséria e abuso de drogas lícitas e ilícitas, que estimula ainda mais a desigualdade social no Brasil”, afirmou Leon. SAIBA MAIS