quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Prefeitura encaminha Projeto de Lei do Plano Municipal de Habitação à Câmara Municipal

Documento está estruturado em três linhas programáticas e deve nortear política habitacional de São Paulo pelos próximos 16 anos, com revisões quadrienais de metas e projeções com ampliação da participação social



Foi realizada nesta terça-feira, 20/12, na sede da Prefeitura de São Paulo, a Assinatura do Ofício que encaminha à Câmara Municipal o Projeto de Lei do Plano Municipal de Habitação (PMH). A cidade de São Paulo, por seu tamanho e sua importância econômica, potencializa a problemática habitacional e a demanda por moradia. Para o enfrentamento dessa situação, é essencial ter um plano que identifique as necessidades e a demanda existente e aponte caminhos para suas soluções.

O prefeito Fernando Haddad participou do lançamento e destacou a importância da participação social nos processos de construção de políticas para a cidade. “O que aconteceu em São Paulo, em quatro anos, do ponto de vista da legislação urbanística, precisa ser preservado. A gente sabe que isso não foi ‘natural’, não foi a inércia que nos trouxe até aqui, foi fruto de muita luta da sociedade, do governo atual, de muitos dos vereadores que abraçaram a causa de transformar a cidade numa cidade que tenha as pessoas como centralidade.”

Dividido em três linhas programáticas, o PMH norteia as ações e medidas a serem adotadas no âmbito das políticas habitacionais pelos próximos 16 anos. No eixo Serviço de Moradia Social, estão previstos, de forma inédita, atendimentos à demanda por moradia transitória, oriunda de frentes de obras públicas e de situações emergenciais e de vulnerabilidade. Na linha Provisão de Moradia estão os atendimentos definitivos, ou seja, a construção de novas unidades, em especial habitações de interesse social, para beneficiar a população mais pobre. O terceiro eixo, Intervenção Integrada em Assentamentos Precários, define os territórios marcados pela precariedade habitacional e urbana na cidade como áreas prioritárias para a política habitacional, indo além do conceito de reurbanização de favelas.

“Foi um processo amplamente participativo que faz com que o projeto que estamos apresentando hoje seja resultado de uma discussão coletiva, e não seja somente uma autoria do Executivo. A boa política habitacional é feita de maneira participativa”, explica o secretário municipal de Habitação João Whitaker.

O Plano Diretor Estratégico (PDE) trouxe a exigência de revisão do PMH e estabeleceu diretrizes para orientá-la, exigindo que o novo Plano seja construído por meio de um amplo processo participativo, além de estipular prazo para que essa revisão aconteça. Diante do curto prazo para a realização da revisão do Plano e ainda com as restrições colocadas pelo calendário eleitoral, a Sehab, em conjunto com o GT Planejamento Habitacional, optou por apresentar à cidade, num primeiro momento, um caderno para discussão pública que apresenta um conjunto de diretrizes para a política habitacional e também linhas programáticas e ações estratégicas para o enfrentamento das precariedades habitacionais e urbanas do município.

“Ao longo do processo participativo estabelecemos espaços de diálogo sobre a política habitacional da cidade, os munícipes puderam trazer suas preocupações, críticas e sugestões sobre os rumos das ações públicas sobre a moradia na cidade. Durante o processo foram estabelecidas metas quantitativas para os diversos programas habitacionais e, dentre eles, o da Autogestão da Moradia, que está na pauta de reivindicação dos movimentos há muito tempo”, pontuou a coordenadora do PMH, Taís Tsukumo.

Para registrar as atividades que compuseram as distintas etapas desse processo participativo a equipe de Sehab elaborou e disponibilizou HabitaSampa um relatório sobre o processo participativo. Nele, são apresentados os materiais que foram disponibilizados para fomentar e ampliar a discussão pública, a metodologia participativa adotada em cada atividade promovida, o material utilizado para comunicação e divulgação de cada etapa e a sistematização das contribuições coletadas ao longo de todo o processo participativo.


“O plano vai trazer ferramentas importantes para defender a autogestão. Nós que somos dos movimentos de moradia defendemos a autogestão, porque com ela conseguimos construir moradias com qualidade, cidadãos e cidadã que vão morar nesses conjuntos habitacionais. Movimentos sociais não defendem só moradia, mas também qualidade de vida”, afirmou Marisa Dutra Alves, da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo e integrante do Conselho Municipal de Habitação.

Durante a cerimônia, o prefeito Haddad sancionou ainda a lei que cria o programa Autogestão na Moradia, de autoria do vereador Nabil Bonduki. O texto estabelece a autogestão na elaboração de projeto e construção de moradia por parte das famílias organizadas em associações e cooperativas habitacionais. Para isso, a lei garante para o programa ao menos 25% dos recursos anualmente destinados ao Fundo Municipal de Habitação.

“A autogestão representa a união de um coletivo com o apoio do Estado, para resolver da melhor maneira possível um problema de toda população. Então este é um projeto super importante, por que ele traça um encontro de longo prazo para a política de habitação de São Paulo.”, completou o vereador Nabil Bonduki.