quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Pesquisadora aponta artigos sobre o PMM para qualificar a tomada de decisão

A farta evidência científica sobre o Programa Mais Médicos (PMM) deve ser a primeira fonte de referência para o esclarecimento de dúvidas e o aprofundamento do debate sobre os avanços e os desafios que persistem após a iniciativa completar três anos. Para orientar os novos gestores municipais da Saúde e formadores de opinião, em meio a extensa produção científica sobre o tema, a pesquisadora da Plataforma de Conhecimentos sobre o PMM, Raquel Pêgo, elaborou uma lista de artigos que responde a três eixos de atuação do PMM: carência de médicos nas regiões prioritárias para o Sistema Único de Saúde, a fim de reduzir as desigualdades regionais na área da saúde; fortalecimento da prestação de serviços de atenção básica de saúde; e aperfeiçoamento da formação médica no país. Todos os artigos selecionados foram publicado há dois anos e estão disponíveis na Plataforma de Conhecimentos do PMM.

“Desde o início do PMM, os artigos de opinião ocuparam um papel importante no Brasil para a promoção de uma discussão aberta sobre uma política pública que tinha como objetivo corrigir a distribuição desigual dos médicos no país. Porém hoje os artigos científicos trazem muitas evidências sobre os avanços e as possibilidades já alcançadas com a iniciativa, mas que precisam ganhar visibilidade para que o conhecimento chegue até o gestor, especialmente os novos gestores municipais”, explica Raquel Pêgo.


Segundo a pesquisadora, no ano de lançamento do PMM (2013), foi registrado na Plataforma de Conhecimentos cerca de 20 publicações. Em 2014, já estavam catalogadas 38, em 2015, 45 publicações e, em 2016, somaram 93 registros de artigos na Plataforma, provenientes de várias instituições acadêmicas do país, sendo que a maior parte deles foram elaborados por pesquisadores da área de saúde coletiva.
“A supremacia dos artigos científicos em relação aos artigos de opinião deveria modificar a natureza do debate. Esperaria uma diminuição dos ataques desqualificadores, corporativistas e valorativos, que em geral sustentam muito dos artigos de opinião, dando espaço para análises mais fundamentadas e próximas da realidade, permitindo entender como se comporta efetivamente o Programa”, observa Pêgo. “Um dos obstáculos que determinados artigos de opinião levantaram e alguns recentemente publicados continuam insistindo na possível dificuldade, apresentada como quase intransponível, de comunicação entre os médicos estrangeiros que não dominam o português. Questiono: esse é um obstáculo real ou fictício? É um obstáculo somente do médico estrangeiro ou também é do médico brasileiro? Ou, esse obstáculo pode diminuir na medida em que o médico está disposto a escutar e se fazer entendido? Que estão dizendo as pesquisas sobre essas questões?”, reflete a pesquisadora.

Para cada estudo selecionado foi extraído do próprio texto os objetivos, estratégia de investigação e resultados da pesquisa. “Os estudos que compõem este trabalho foram divididos entre os de corte nacional e os regionais. Os de corte nacional foram agrupados a partir das seguintes categorias: provimento, produção de serviço, escopo de práticas, infraestrutura, formação”, explica a pesquisadora.

Raquel Abrantes Pêgo é doutora em Ciências Sociais, colaboradora da OPAS-Brasil, professora visitante no Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UNB) e colaboradora da Rede de Pesquisa Análise de Políticas de Saúde no Brasil.