Um homem de quase quarenta anos chega a um hospital com uma dor atípica no tórax. Os primeiros exames descartam a possibilidade de infarto. Ainda assim, orientado pelos médicos, embarca num helicóptero-ambulância de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, para que sejam feitos novos exames. No mesmo dia, uma mulher com infarto do miocárdio da parede inferior, com 12 horas de evolução, encontra-se no corredor de um hospital público, onde recebe os primeiros cuidados. As duas situações foram narradas pelo clínico Luíz Vianna Sobrinho na abertura da segunda mesa-redonda sobre a ética na medicina, realizada na ENSP na sexta-feira, 19 de junho. A diferença fundamental entre os dois personagens, muitos já devem suspeitar, é que o primeiro é um empresário. A segunda, funcionária de uma igreja. O contraste, construído com casos reais, foi o pontapé inicial do debate intitulado A estruturação da ciência e do consumo na medicina - as 'escolhas de Sofias' do público ao privado, do qual participaram, também, a médica e doutora em saúde coletiva Maria de Fátima Andreazzi e Carlos Ocké-Reis, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA. SAIBA MAIS