sexta-feira, 31 de maio de 2013

É possível resistir à dependência ao tabaco

“Acreditem, não é impossível parar de fumar. No começo, a pessoa pensa que não vai conseguir, mas continue persistindo porque consegue”, este é o incentivo que dona Vera Lúcia (51) dá aos fumantes que desejam parar com a dependência. Ela fumou por 34 anos e há cinco parou.
Vera Lúcia começou a fumar aos 12 anos e conta para o Blog da Saúde como deu o ponta pé inicial para deixar o cigarro. Segundo ela, não é fácil, mas é possível resistir a tentação. “É muito difícil deixar o vício. A gente fica procurando alguma coisa, tem abstinência, fica mal humorada e é preciso compreensão da família. É difícil, mas não é impossível, tanto que eu consegui parar. Não tenho mais vontade de fumar e nem tento mais colocar um cigarro na minha boca”, destaca a dona de casa.
O tabagismo é uma doença crônica gerada pela dependência da nicotina, que hoje mata cerca de cinco milhões de pessoas por ano no mundo, sendo 200 mil só no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que o percentual de meninas fumantes antes dos 15 anos é 22% superior ao de meninos.
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) divulgou dados da pesquisa Política Internacional do Controle do Tabaco no Brasil, fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde, IncaSecretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e a Universidade de Waterloo, no Canadá, que trata sobre o impacto da publicidade na dependência do tabagismo.
O trabalho, desenvolvido com 1,8 mil pessoas em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, apontou que um em cada três brasileiros deixou de fumar, entre 1989 e 2010, após medidas restritivas de propaganda no país. Além disso, indicou que a maioria da população é a favor de medidas ainda mais rigorosas.
Doenças - O tabagismo é, reconhecidamente, uma doença crônica, resultante da dependência à droga nicotina, e um fator de risco para cerca de 50 doenças, dentre elas, câncer, asma, infecções respiratórias e doenças cardiovasculares. Sua prevalência vem reduzindo progressivamente, porém, a doença ainda se mostra expressiva em algumas regiões e grupos populacionais mais vulneráveis.
De acordo com dados do Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco, o tabaco fumado causa até 90% de todos os cânceres de pulmão e é um fator de risco significativo para acidentes cerebrovasculares e ataques cardíacos mortais. Além disso, comparados aos não fumantes, estima-se que o tabagismo aumente o risco do desenvolvimento de doença coronária e acidente vascular cerebral em 2 a 4 vezes.
Em homens fumantes, a chance de desenvolver câncer de pulmão é 23 vezes maior do que em homens não fumantes. Nas mulheres essa chance é de 13 vezes.
Dia de combate ao Tabagismo - O Dia Mundial Sem Tabaco – 31 de maio – foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde que realiza ações de prevenção e controle do câncer e Centro Colaborador da OMS para controle do tabaco, é o responsável pela divulgação e comemoração da data de acordo com o tema estabelecido a cada ano pela Organização. As ações comemorativas são articuladas com as secretarias Estaduais e Municipais de Saúde dos 26 estados e Distrito Federal, envolvendo, também, a sociedade.
Em 2013, Dia Mundial Sem Tabaco tem como tema “Proibição de publicidade, promoção e patrocínio do tabaco”.
Plano DCNT - O governo federal também lançou, em 2011, o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022, que define e prioriza as ações e os investimentos necessários para preparar o país para enfrentar e deter as DCNT nos próximos dez anos. As ações antitabagismo são um dos principais destaques desse Plano. O ministério também realiza um trabalho de monitoramento do tabagismo em adultos e adolescentes por meio de inquéritos de base populacional, telefônico e populações específicas, como o Vigitel. Os resultados dessas pesquisas orientam a construção de políticas públicas de prevenção e controle do tabagismo.
Jarbas Barbosa explica que o tabaco é o maior fator de risco para as DCNT. “Supõe-se que ele está ligado, direta ou indiretamente, a 70% das mortes relacionadas às doenças crônicas. Nós acreditamos que o Brasil, que já tem uma história de êxito muito grande, reconhecida internacionalmente no combate ao tabagismo, consiga com essas ações ter mais instrumentos para continuar a redução e diminuir o impacto negativo do cigarro, como o câncer, as doenças cardiovasculares, que levam pessoas à morte ou a uma qualidade de vida muito ruim, principalmente quando chega a uma idade acima dos 70, 80 anos”, ressalta.
Até 2022, o Ministério da Saúde tem a meta de reduzir a proporção de fumantes na população adulta de 14,8% para 9%. Outra medida que está prestes a vigorar é o aumento das alíquotas dos impostos para 85% e preço mínimo do cigarro em decreto a ser assinado pela presidenta Dilma Rousseff.
 Ilana Paiva / Blog da Saúde, com informações do Inca