terça-feira, 21 de maio de 2013

Síndrome do pânico afeta duas vezes mais mulheres do que homens


Falta de ar, taquicardia, dormências em partes do corpo, medo de morrer, sudorese, sensações de desrealização, tontura e desconforto no peito. Sintomas físicos característicos de um ataque de pânico, eles são resultado de episódio de ansiedade e medo intensos, de início súbito e com duração entre cinco e 20 minutos. Ocorrem de forma inesperada em uma situação cotidiana ou podem ser desencadeados por um gatilho específico, como exposição ao objeto temido (aranha, cobras), no caso de quem tem uma fobia, ou apresentar um trabalho em sala de aula, no caso daqueles com fobia social. Dessa forma, o ataque de pânico não é, necessariamente, sinônimo do transtorno do pânico, popularmente conhecido como síndrome do pânico.
“O ataque de pânico pode ser deflagrado pelo contato com o objeto ou situação temida, como medo de avião, ou pode ocorrer sem uma causa aparente. Já o transtorno de pânico consiste em um quadro caracterizado por episódios recorrentes de ataque de pânico que ocorrem de forma inesperada e não estão restritos a nenhuma situação particular. Costumam ocorrer em situações cotidianas: durante rotina de trabalho, caminhando na rua, na fila do caixa do supermercado, passeando em um parque, assistindo televisão em casa, por exemplo”, explica a médica psiquiatra do núcleo de Gestores do Cuidado da Saúde Mental- Hospital Nossa Senhora da Conceição, Carolina Meira Moser. “Nesses casos, é comum que a pessoa comece a associar os ataques a essas situações, que passam a ser temidas ou até mesmo evitadas”, acrescenta.
A agente administrativa da Coordenação-geral de Gestão de Pessoas (CGESP), Mariana Borges Campos, 27 anos, passou a sentir-se ansiosa em situações que a maioria das pessoas considera normais. “De repente passei a ter medo de ir a lugares onde tivessem muitas pessoas. Parei de ir ao shopping. Só de pensar em ver muita gente reunida me causava mal estar a ponto de quase desmaiar. Não conseguia mais sair sozinha e parei de dirigir”, lembra.
Quando o medo começou a prejudicar o dia a dia, ela resolveu procurar ajuda. “Fui a um médico clínico geral, que me encaminhou a um psiquiatra. Fui diagnosticada com fobia social. Para não ter mais ataques de pânico, há um ano estou em tratamento com medicamentos e acompanhamento psicológico. Além disso, o profissional me explicou a importância da prática de exercícios físicos como complemento ao tratamento”, conta.
A psiquiatra confirma a importância dos exercícios físicos para a promoção de uma vida saudável. “Como a saúde mental e física estão intimamente interligadas, recomenda-se a prática de atividade física regular, alimentação balanceada, sono reparador, convívio com a família e pessoas com quem se tem laços afetivos, bem como reservar um tempo para atividades de lazer”, explica Carolina.
Multifatorial – Por causa dos sintomas físicos, como desconforto no peito e sensação de morte iminente, quem está tendo um ataque de pânico associa logo a um infarto. É muito comum que as pessoas com esse quadro busquem inicialmente atendimento médico em emergências. No entanto, para ser feito o diagnóstico de transtorno do pânico devem ter ocorrido pelo menos três ataques em um período de três semanas. A médica ressalta que outra característica do transtorno do pânico é o medo de ter outros ataques no intervalo, denominado pelos especialistas de ansiedade antecipatória.
Carolina Meira Moser explica que o transtorno geralmente se inicia entre os 20 e 30 anos de idade e ocorre duas vezes mais em mulheres do que em homens. Assim como a maioria dos demais transtornos psiquiátricos, o pânico tem origem multifatorial. “Isso significa que o quadro não pode ser explicado por uma causa específica e sim por um conjunto de fatores. Estão envolvidos fatores genéticos, biológicos, neuroquímicos (alterações de neurotransmissores) e psicossociais (experiências negativas na infância, perfil psicológico, estressores de vida)”, finaliza a médica.
CAPS- O Ministério da Saúde disponibiliza, por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), equipes multiprofissionais, com presença obrigatória de psiquiatra, enfermeiro, psicólogo e assistente social, aos quais se somam outros profissionais do campo da saúde. Especificamente na rede CAPS, foi repassado um valor de mais de 200 milhões de reais para qualificar a rede já existente.
Os Centros de Atenção Psicossocial são serviços de atenção à saúde mental, estão em mais de 1900 municípios, são abertos para a comunidade e oferecem atendimento diário.