É um artifício clássico da divulgação de pesquisas: divide-se um resultado encontrado por um determinado número de horas para saber a periodicidade de um acontecimento. É desse jeito, por exemplo, que o Grupo Gay da Bahia, um dos mais antigos movimentos a se organizar em torno dos direitos dos homossexuais e trans no Brasil, concluiu, em 2013, que a cada 28 horas a homofobia mata uma pessoa em nosso país. O modelo ajuda a dar visibilidade a essa situação alarmante, mas na letra fria de um artigo ou reportagem, pode soar como mera abstração. Só que a vida, como nos canta Caetano Veloso, é real e de viés. Foi essa realidade que invadiu uma das mesas do seminário Diálogos entre a Academia e Movimentos Sociais, promovido pelo Grupo Direitos Humanos e Saúde (Dihs/ENSP), no dia 2 de março. Quem estava com a palavra era a advogada e mestre em Saúde Pública pela ENSP Sandra Besso, que falava das dificuldades que os transgêneros encontram no mercado de trabalho. De repente, uma das palestrantes recebeu em seu celular a informação de que uma companheira de movimento LGBT havia sido assassinada em Curitiba. Passado o susto inicial, o evento seguiu seu rumo, sob o peso da notícia e dos duros testemunhos de quem sofre violência pelo simples fato de tentar ser o que é. SAIBA MAIS