Cracolândia é o tema da reportagem de capa da edição n°158 de novembro de 2015 daRevista Radis, que está disponível on-line. Os repórteres da revista ouviram relatos de consumidores da droga, que ocupam a alameda Dino Bueno, entre a rua Helvétia e a alameda Glete, na região mais conhecida como cracolândia, no centro da maior e mais rica cidade do país, São Paulo. Lá, fica a base do programa De Braços Abertos, anunciado pela prefeitura em janeiro de 2014 para “resgatar socialmente” usuários de crack por meio de trabalho remunerado, alimentação e moradia digna no bairro da Luz. “O De Braços Abertos não é um equipamento de saúde”, repete ao menos cinco vezes o assistente social Odimar Reis, assessor técnico de Saúde Mental, Álcool e Drogas da secretaria de Saúde, à equipe da Radis. “O trabalho se dá na rua. Esta é apenas uma base de apoio”.
O programa contempla ações das 13 secretarias municipais envolvidas no programa - cuja coordenação é compartilhada pelas pastas da Saúde, Assistência e Desenvolvimento Social, Segurança Urbana, Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, e Direitos Humanos e Cidadania. Agentes de saúde, identificados pelos coletes azuis, e de assistência social, de coletes verdes, usam o espaço como base todos os dias. A base de apoio, que não é o programa, abre às 8h e fecha às 22h, de segunda a segunda - inicialmente fechava às 18h, mas o horário foi estendido. Hoje, a população da região entra e sai do pátio livremente, depois de reagir com desconfiança à sua instalação. “Na primeira semana, ninguém queria entrar”, conta Odimar. “Pensavam que debaixo da tenda havia um ônibus para levar todo mundo embora”.
De acordo com a Radis, 300 pessoas dividem o mesmo pequeno refúgio, mas o espaço já foi ocupado por 1.500. “Antes do De Braços Abertos, essa era a estimativa de usuários de drogas por dia na região. O esvaziamento do fluxo, como é chamada a cena de uso, em 80% se deu pelo cuidado — e não pela repressão. “
Em outra reportagem Comunicar, uma necessidade, a revista debate temas para a 15ª Conferência Nacional de Saúde, que acontece em 1º de dezembro. O 1º Diálogo PenseSUS, promovido pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz, nos dias 29 e 30 de setembro, aponta que comunicação e participação são direitos que fortalecem o SUS
Direitos são conquistas da sociedade, não concessões. “Frente às ameaças vivenciadas pelo Sistema Único de Saúde, defender essa bandeira é o caminho para fortalecer a ideia de que, sem participação popular, a saúde não seria reconhecida como um direito. Mas a garantia de saúde pública de qualidade ao povo brasileiro.”
O documento orientador da 15ª CNS apresenta um eixo transversal que deve nortear os debates, destacou Francini Guizardi, pesquisadora da Fiocruz Brasília: a necessidade de democratização do Estado e das políticas sociais. “A luta pelo direito à saúde vai além do debate setorial, promovido nos espaços das instituições de saúde. O horizonte é a transformação das relações sociais e do próprio Estado brasileiro”, apontou. Segundo ela, a saúde tem o papel de articular diversas pautas importantes para a sociedade, como as reformas política e tributária.
Leia essas e outras matérias na íntegra na Radis de número 158.