No dia 14 de julho, o editorial do jornal Correio Brasiliense destacou a falta de remédios contra tuberculose distribuídos pela rede pública, alertada pelo coordenador técnico da área de tecnologia social do Observatório Tuberculose Brasil (OTB/ENSP/Fiocruz), Carlos Basília. De acordo com o texto, o Brasil alcançou uma posição de destaque no tratamento e controle da doença, mas interromper o tratamento por falta de remédio é inaceitável. “Um dos grandes desafios dos profissionais dos centros de saúde é evitar a evasão de pacientes”, diz o editorial.
Leia o texto completo abaixo
Correio Braziliense
Tuberculose sem trégua
Tuberculose sem trégua
14 de julho de 2014
O Brasil tem merecido referências elogiosas em tratamentos que desafiam o mundo. É o caso da aids, da poliomelite e da tuberculose. As campanhas de vacinação, que chegam aos rincões mais remotos do território nacional, tornaram o país referência da Organização Mundial da Saúde (OMS). O coquetel anti-HIV, além de salvar vidas, apontou caminhos para enfrentar epidemia que desafiava nações ricas e pobres dos cinco continentes.
Outro exemplo de sucesso é o da tuberculose. A enfermidade, chamada o mal do século no período romântico, matou brasileiros de todas as regiões e privou a literatura de grandes talentos. Tal pânico a doença despertava na sociedade que muitos temiam até chamá-la pelo nome. Para escapar do poder mágico da palavra, reduziram a denominação a duas letras -- tb. Hoje o enredo da história é outro. Centralizado no Ministério da Saúde, em seis meses o tratamento cura a maior parte dos pacientes.
Causa apreensão, por isso, a notícia da falta de medicamento necessário ao combate à moléstia. Segundo Carlos Brasília, coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, vinculado à Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), três unidades da Federação registraram desabastecimento da droga e de um dos testes usados para o diagnóstico -- São Paulo, Rio de Janeiro e Petrolina.
O Brasil, vale lembrar, ocupa o 17º lugar no ranking dos 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose. Não pode se descuidar de batalhas que determinam o resultado da guerra. Os números obrigam a manter o foco. Em 2012, a moléstia matou 4.600 pessoas. É a 4ª causa de morte por doenças infecciosas e a 1ª em pacientes com aids. Setenta mil novos casos foram registrados em 2013.
Interromper o tratamento por falta de remédio é inaceitável. Um dos grandes desafios dos profissionais dos centros de saúde é evitar a evasão de pacientes. Com menos de um mês de cuidados, o enfermo se sente tão bem que não retorna. Resultado: o bacilo cria resistência e dificulta a ação da droga. Ora, o Estado banca a terapia integralmente. Oferece os remédios sem custos e tem ténicos qualificados para acompanhar os doentes com eficiência. Permitir o desabastecimento é tiro no pé.
Há projetos de produzir no Brasil o composto usado contra a tuberculose. O país tem insumos e tecnologia para fazê-lo. Mas, enquanto não concretiza o plano, é importante manter os centros de saúde equipados e abastecidos. Voltar atrás em iniciativa reconhecidamente exitosa é condenar o país ao atraso e o povo a enfermidade evitável.
Outro exemplo de sucesso é o da tuberculose. A enfermidade, chamada o mal do século no período romântico, matou brasileiros de todas as regiões e privou a literatura de grandes talentos. Tal pânico a doença despertava na sociedade que muitos temiam até chamá-la pelo nome. Para escapar do poder mágico da palavra, reduziram a denominação a duas letras -- tb. Hoje o enredo da história é outro. Centralizado no Ministério da Saúde, em seis meses o tratamento cura a maior parte dos pacientes.
Causa apreensão, por isso, a notícia da falta de medicamento necessário ao combate à moléstia. Segundo Carlos Brasília, coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, vinculado à Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), três unidades da Federação registraram desabastecimento da droga e de um dos testes usados para o diagnóstico -- São Paulo, Rio de Janeiro e Petrolina.
O Brasil, vale lembrar, ocupa o 17º lugar no ranking dos 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose. Não pode se descuidar de batalhas que determinam o resultado da guerra. Os números obrigam a manter o foco. Em 2012, a moléstia matou 4.600 pessoas. É a 4ª causa de morte por doenças infecciosas e a 1ª em pacientes com aids. Setenta mil novos casos foram registrados em 2013.
Interromper o tratamento por falta de remédio é inaceitável. Um dos grandes desafios dos profissionais dos centros de saúde é evitar a evasão de pacientes. Com menos de um mês de cuidados, o enfermo se sente tão bem que não retorna. Resultado: o bacilo cria resistência e dificulta a ação da droga. Ora, o Estado banca a terapia integralmente. Oferece os remédios sem custos e tem ténicos qualificados para acompanhar os doentes com eficiência. Permitir o desabastecimento é tiro no pé.
Há projetos de produzir no Brasil o composto usado contra a tuberculose. O país tem insumos e tecnologia para fazê-lo. Mas, enquanto não concretiza o plano, é importante manter os centros de saúde equipados e abastecidos. Voltar atrás em iniciativa reconhecidamente exitosa é condenar o país ao atraso e o povo a enfermidade evitável.