O ex-ministro da saúde e pesquisador da ENSP, José Gomes Temporão, falou em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo que o problema da saúde brasileira é sistêmico e explosivo. Segundo ele, se algo não for feito com rapidez, a saúde brasileira consegue piorar. Na entrevista Temporão enumerou ainda três questões estruturais graves, entre elas o clássico problema de financiamento. O ex-ministro também questionou quem foi para a rua pedir hospitais padrão Fifa (“O problema do Brasil não é hospital”), quem desmerece o SUS (“Existe um vetor pró-mercado”) e quem acha que o Mais Médicos é a única plataforma de discussão neste período pré-eleitoral (“Saúde pública é bem mais ampla que medicina”).
Na entrevista, Temporão, que atualmente é diretor executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde(Isags), destacou que focar o debate do futuro da saúde brasileira no Mais Médicos é de uma pobreza atroz. "Acho que o programa chamou atenção para a necessidade de fortalecer a atenção básica, para a necessidade de rever a padronização e a qualidade de formação dos médicos. Há uma polêmica se foi organizado da melhor maneira, se não foi, uma contaminação político-ideológica vasta em torno do programa. Agora, tentar limitar as grandes demandas da saúde brasileira ao Mais Médicos, faça-me o favor! O Mais Médicos é uma gota no oceano e não vai, por si só, reverter coisa nenhuma. É como se a grande questão da saúde pública brasileira fosse o médico. Isso expressa uma indigência cultural e uma visão pequena: confundir saúde pública com medicina. Saúde pública é muito mais ampla que medicina. Não se limita ao trabalho médico ou de oferta de assistência médica. Isso é uma visão pobre, limitadora e que não vai resolver nada", enfatizou ele.
Confira aqui a entrevista na íntegra.