quinta-feira, 3 de julho de 2014

Cerca de 243 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos usaram drogas ilícitas em 2012

A prevalência do uso de drogas no mundo permanece estável, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Cerca de 243 milhões de pessoas, ou 5% da população global entre 15 e 64 anos de idade, usaram drogas ilícitas em 2012. Usuários de drogas problemáticos, por outro lado, somaram por volta de 27 milhões, cerca de 0,6% da população adulta mundial, ou 1 em cada 200 pessoas.
 
Durante o lançamento do relatório em Viena (Áustria) nesta quinta-feira (26/6), no Dia Internacional Contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito, o diretor executivo do UNODC, Yury Fedotov, chama atenção para um foco maior na saúde e nos direitos humanos de todos os usuários de drogas, especialmente daqueles que fazem uso de drogas injetáveis e que vivem com HIV.
 
“Ainda existem sérias lacunas na prestação de serviços. Nos últimos anos, apenas 1 em cada 6 usuários de drogas no mundo teve acesso ou recebeu algum tipo de tratamento para dependência de drogas a cada ano”, diz ele, ressaltando que 200 mil mortes relacionadas a drogas ocorreram em 2012.
 
O chefe do UNODC afirma que o sucesso sustentável no controle de drogas requer um firme comprometimento internacional. Uma abordagem balanceada e compreensiva que se direcione tanto à oferta quanto à demanda deve ser apoiada por respostas baseadas em evidências, focando na prevenção, no tratamento, na reabilitação social e na integração.
 
“Isso é particularmente importante na medida em que estamos nos aproximando da Sessão Especial da Assembleia Geral da ONU sobre o problema das drogas em 2016”, diz Fedotov. Ele também chama atenção para o fato de que substâncias controladas devem ser mais amplamente disponibilizadas para fins médicos, inclusive para garantir o acesso à medicação para a dor, evitando seu uso indevido e desvio para fins ilícitos.
 
Substitutos de opioides, diminuição da oferta global de cocaína e quadro misto do uso de cannabis
 
O aumento na produção de ópio no Afeganistão representou um revés, afirma Fedotov, já que o maior produtor de papoula de ópio do mundo aumentou sua área de cultivo em 36%, de 154 mil hectares em 2012 para 209 mil hectares em 2013. Com um rendimento de cultivo de 5.500 toneladas, o Afeganistão representa 80% da produção global de ópio. Em Mianmar, a área sob cultivo de papoula cobriu 57.800 hectares, mantendo o aumento de cultivo iniciado após 2006. Em 2013, a produção global de heroína também voltou aos altos níveis testemunhados em 2008 e 2011.
 
Os Estados Unidos, a Oceania e alguns países da Europa e da Ásia têm visto usuários alternarem entre heroína e opioides farmacêuticos, uma tendência em grande parte ditada pelos baixos preços e acessibilidade; porém, enquanto usuários dependentes de opioides nos EUA estão trocando opioides farmacêuticos por heroína, usuários nos países da Europa têm substituído heroína com opioides sintéticos.
 
A disponibilidade global de cocaína diminuiu devido à queda na produção de 2007 a 2012. O uso de cocaína permanece alto na América do Norte, apesar de diminuir desde 2006. Enquanto o uso e tráfico de cocaína parecem crescer na América do Sul, a África tem testemunhado um aumento no uso de cocaína devido ao crescimento do tráfico pelo continente, enquanto o aumento do poder de compra tornou alguns países asiáticos vulneráveis ao uso de cocaína.
 
Globalmente, o uso de cannabis parece estar em declínio, mas a percepção de riscos menores à saúde levou a um maior consumo na América do Norte. Apesar de ser muito cedo para entender os efeitos de novos marcos regulatórios tornando legal o uso recreativo da cannabis em alguns estados dos EUA e no Uruguai sob certas condições, um maior número de pessoas procura por tratamento de transtornos relacionados a cannabis na maioria das regiões do mundo, incluindo a América do Norte.
 
As apreensões de metanfetamina mais que dobraram globalmente entre 2010 e 2012. A fabricação de metanfetamina se expandiu mais uma vez na América do Norte, com um grande aumento no número de laboratórios desmantelados nos EUA e no México. Das 144 toneladas de estimulantes tipo anfetamina apreendidos globalmente, metade foi interceptada na América do Norte e um quarto no Leste e Sudeste da Ásia. O número de novas substâncias psicoativas não reguladas no mercado global mais que dobrou, para 348, entre 2009 e 2013.