Fonte: CUT/SP / Vanessa Ramos, com supervisão de Flaviana Serafim MTb. 32.827
Sindicatos filiados à CUT/SP e movimentos sociais foram às ruas nesta quarta-feira
(10) para defender uma saúde pública e de qualidade para toda a
população e a valorização do Sistema Único de Saúde (SUS). A atividade
reuniu cerca de mil pessoas na Praça do Patriarca, no centro de São
Paulo, que saíram em caminhada até a Câmara Municipal, onde foi
protocolada uma carta de reivindicações à Comissão de Saúde.
A
mobilização fez alusão ao Dia Mundial da Saúde, comemorado
tradicionalmente no dia 7 de abril. Sobre a estrutura da saúde pública
em São Paulo, usuários e trabalhadores (as) criticaram as deficiências
no atendimento nos hospitais, a demora na realização dos exames, a falta
de medicamentos e a valorização salarial dos profissionais da área.
Dirigentes
sindicais e militantes cutistas se posicionaram contra o modelo
privatista que tem interesse em se apropriar dos equipamentos públicos e
transformar em produto lucrativo os direitos conquistados pela classe
trabalhadora. De acordo com o secretário de Saúde do Trabalhador da
CUT/SP, Luiz Antonio Queiroz, o principal problema no Estado de São
Paulo é a privatização através das Organizações Sociais de Saúde (OSS).
“O governador Geraldo Alckmin está mercantilizando tudo – vendendo a
saúde do povo para os empresários”.
Para
a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público
Municipal de Presidente Prudente e Região (SINTRAPP), Ana Lúcia de
Mattos Flores, apesar de existir uma boa legislação sobre o tema, é
preciso avançar na luta contra esses interesses particulares. “Já está
provado que tanto a privatização quanto a terceirização precarizam os
trabalhadores da saúde e o atendimento aos usuários. O SUS é uma
conquista do povo e, por isso, queremos que ele seja 100% público”.
Segundo
o diretor de formação sindical, Antonio Carlos da Cruz, do Sindicato
dos Médicos do Estado de São Paulo, dados oficiais da capital paulista
apontam uma ausência de 10 mil servidores na área de saúde, do total de
30 mil que seriam necessários. “É fundamental que sejam contratados
novos profissionais, além da necessidade do aumento salarial para os que
já estão trabalhando”.
Cruz
afirma que há cerca de oito anos os trabalhadores da saúde não têm
aumento salarial. “O salário base de um médico que trabalha 20 horas
semanais, por exemplo, não chega a R$2.000”, afirma.
Para
o dirigente do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Benedito Alves de
Souza, a falta de valorização dos trabalhadores (as) e de novas
contratações de funcionários repercutem em um atendimento ruim, que é
criticado por toda população, mas ainda assim supera o modelo privado.
“Os trabalhadores das fábricas reclamam dos planos de saúde no qual
estão convencionados pela própria empresa. Quando eles mais precisam ser
atendidos numa emergência, acabam indo para o SUS”.
Oldimar
Sérgio Alves, diretor da saúde e segurança do trabalhador pela
Federação dos Trabalhadores na Administração e do Serviço Público
Municipal no Estado De São Paulo (Fetam-SP), afirma que a situação
vivida pela população é um herança das últimas gestões Serra e Kassab em
São Paulo. “Acreditamos que esta nova administração, com Fernando
Haddad, seja uma oportunidade de efetuarmos mudanças concretas por meio
do controle social. Vamos atuar para que novos concursos públicos sejam
abertos e haja melhorias em espaços como os Centros de Referência em
Saúde do Trabalhador”, conclui.
Durante
o ato, o vice-presidente da CUT/SP, Douglas Izzo, ressaltou a audiência
pública da Frente Parlamentar em Defesa do Instituto de Assistência
Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) – ocorrida também na quarta
(10/4) na Assembleia Legislativa de São Paulo. Segundo o dirigente, o
questionamento principal se refere a uma publicação, no Diário Oficial
de 9 de fevereiro, de uma Parceria Público-Privada (PPP) junto ao
hospital, abrindo possibilidade para a privatização. “Estamos alertas a
qualquer indício do Executivo contrário às reivindicações da classe
trabalhadora”, afirmou.
Poder público
No
plenário lotado na Câmara Municipal, os movimentos entregaram uma carta
com 14 itens de reivindicações à Comissão de Saúde e ao secretário
municipal da Saúde, José de Filippi Júnior.
Segundo
Filippi, para avançar nos diálogos com a população, a Secretaria de
Saúde realizou neste ano nove plenárias regionais, com a participação de
aproximadamente dois mil gestores de saúde. “Vamos fazer, ainda neste
ano, mais duas plenárias em cada um dos 96 distritos existentes. É no
distrito que nós vamos detalhar o programa e o planejamento das ações da
Saúde. Esperamos atingir os oito mil conselheiros”.
O
secretário também anunciou que a prefeitura autorizou concurso público
para todos os cargos, redes e autarquias – aplaudido pelos
participantes. Por fim, ressaltou que o SUS precisa de mais recursos
públicos, pois, o que é ofertado atualmente pela receita federal é
insuficiente. “Estamos em debate porque precisamos garantir uma fonte
permanente de recursos. Esperamos que dentro de 30 ou 60 dias tenhamos
uma resposta para isso”, se comprometeu.
Sobre o SUS
O
Sistema Único de Saúde foi criado pela Constituição de 1988, tornando o
acesso à saúde gratuito a toda sociedade. Segundo o Ministério da
Saúde, “o sistema realiza 2,8 bilhões de procedimentos ambulatoriais
anuais, 19 mil transplantes, 236 mil cirurgias cardíacas, 9,7 milhões de
procedimentos de quimioterapia e radioterapia e 11 milhões de
internações”.
http://www.sinpsi.org/noticias.php?id=2608