sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A efetividade das políticas de planejamento familiar e o paradoxo do aborto

ABRASCO/CCR: A efetividade das políticas de planejamento familiar e o paradoxo do aborto

CCR
 
16/11/2013
Com coordenação de Elaine Reis Brandão (IESC/UFRJ), a palestra “A efetividade das políticas de planejamento familiar e o paradoxo do aborto" trouxe a palestrante Nathalie Bajos, da França, para um debate sobre aborto e contracepção em seu país. 

No campo da saúde pública, nós vemos o quanto  é importante é acompanhar a evolução dos índices de aborto. Há uma ligação muito forte entre a utilização da contracepção e o aborto, mas essa relação nem sempre é igual e continua  provocando muito debate na área científica. As contradições aparentes se devem ao fato de que muita gente pensa o aborto como um ato médico e de saúde, não vendo como um processo. E esse processo começa com a atividade sexual, seguida pelo uso ou não uso de um método contraceptivo, uma possível gravidez indesejada seguida pelo  processo de decisão da interrupção de gravidez e finalmente a escolha pelo aborto. Um dado interessante apresentado durante a palestra: uma  jovem menos favorecida começa a sua vida sexual mais cedo terá menos acesso a contracepção, mas na maioria das vezes ela irá prosseguir com a gravidez. Isso, diferente de uma menina de classe mais alta que tem acesso à contracepção, mas ao engravidar, pratica o aborto com mais frequência.     
    
Nathalie ainda levantou a questão: o que é que faz com que a mulher recorra ao aborto? Qual o resultado, socialmente falando, da interrupção de uma gravidez não prevista? O público e a própria palestrante apontaram questões como o desejo de não ser mãe e o fato da culpa colocada na mulher, que apesar de ter acesso a métodos contraceptivos, “não foi capaz” de usá-lo adequadamente e resultou em uma gravidez.     

Fechando o debate, podemos dizer que o acesso ao aborto legal e seguro deve ser uma prioridade. Precisamos entender os motivos sócio-econômicos que pesam na hora de decidir pelo aborto para criar políticas públicas que atendam essas mulheres. Permitir a opção de escolha pela maternidade, retirando a ideia do senso comum que toda mulher precisa ser mãe.