quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sexualidade e reprodução no contexto da epidemia da AIDS CCR

ABRASCO/CCR: Mesa redonda - Sexualidade e reprodução no contexto da epidemia da AIDS


Começando o dia com a mesa redonda "Sexualidade e reprodução no contexto da epidemia da AIDS", a antropóloga Daniela Riva Knought fez a sua análise a partir das questões de saúde sexual a reprodutiva das mulheres que vivem com HIV/AIDS na cidade de Porto Alegre/RS. Para se ter uma ideia, a incidência é de 95,3 casos por 100.000 habitantes; o coeficiente de mortalidade é de 34,2 por 1000.000 habitantes; 2% das gestantes são positivas para o HIV e a taxa de transmissão vertical é de 7%. 

Daniela também destacou alguns fatores que afetam diretamente a vida e a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS e contribuem para o aumento da incidência e prevalência da AIDS na cidade:
1) a desestruturação dos serviços especializados no atendimento do HIV/AIDS
2) o diagnóstico tardio das mulheres vivendo com HIV/AIDS
3) a relação entre as decisões reprodutivas das mulheres e o contexto dos serviços de saúde e 4) o estigma da discriminação enfrentado pelas mulheres que vivem com HIV/AIDS
Sobre o estigma e discriminação, as acusações e responsabilizações relativas à infecção recaem sobre a sexualidade e os relacionamentos afetivo-sexuais. Várias mulheres já viveram situações de discriminação dentro dos serviços de saúde (parto e internação). Apesar dos avanços no campo, as mulheres de Porto Alegre não estão se beneficiando dessas tecnologias. A discriminação e os estigmas, principalmente dos sistemas de sáude, mostram como a AIDS não é uma doença como as outras. 

Regina Maria Barbosa do NEPO/Unicamp trouxe o estudo em curso GENIH, que está investigando os aspectos da saúde sexual e reprodutiva de mulheres vivendo com HIV/AIDS e comparando-os com sononegativas para o HIV (MNHA). Regina traçou o perfil das mulheres com HIV (com dados preliminares), mostrando que a 32,4% possuem com ensino médio completo; 39,7% se declara branca e 39,9% parda; são mulheres adultas em sua maioria (49,9% de 40 a 49 anos) que se infectaram quando jovens através da relação sexual (88,4%). 

O que chamou a atenção no estudo foi o grau que as mulheres relataram violência seuxal em suas histórias: sexo forçado na 1ª relação sexual (8,3%) e sexo forçado ao longo de suas trajetórias afetivas (22,1%). 54,19% das mulheres utilizam métodos reversíveis de contracepção; 87% declararam não ter praticado aborto e a laqueadura após a gravidez é a escolha de 69,40% das mulheres.