* Flaviano Quaresma
A mesa redonda ‘Produção do conhecimento e interesses conflitantes na relação entre público e privado na Saúde Coletiva’ teve a coordenação de Inês Rugani e contou com as presenças de José Antonio Sestelo, Luciene Burlandy e Ligia Bahia. Luciene Burlandy apresentou a perspectiva das “Confluências” para observar o macro das relações entre o Público e o Privado e pensar as práticas individuais. “A Saúde Coletiva sempre relacionou as questões da sociedade e as relações de valores entre o público e o privado. Isso é interessante perceber. São apenas dois caminhos para o que chamo de ‘mudanças confluentes’”, disse.
Sestelo afirmou, fazendo referência à data de 15 de novembro, que ainda está faltando proclamar a República no Brasil. “Há um descompasso entre o ‘suplementar’ ligado aos planos de saúde e à saúde privada. A Saúde Coletiva tem a tarefa de olhar para a realidade e identificar os conceitos adequados para intervir”, pontua.
“O certo é a ‘excelência’, e não o ‘público’”, afirmou Ligia Bahia. Ela que começou sua explanação ressaltando a necessidade de compreender a relação entre público e privado desde os tempos em que o privado era apenas privado. “O público só existe porque existe o privado. E isso é muito claro quando estudamos nosso processo histórico. Habermas, por exemplo, é um dos clássicos autores que estudou profundamente essa mudança estrutural da esfera pública. Depois da Revolução Industrial, o desenvolvimento dos jornais impressos também foi outro marco para pensar nessa mudança estrutural”, explica.
Ligia disse que estamos no âmbito da moral, não mais da ética e que podemos identificar três perspectivas nesse sentido: moral utilitarista, moral libertária (aquela que não tem compromisso, obrigação) e a igualitária (que está fora de moda). “Não é uma perspectiva de excelência que queremos, mas da mudança social. Como podemos ser autônomos para construir essa mudança se estamos todos entre relações conflituosas de interesses? Eu tomo como exemplo a questão da autonomia da Abrasco, que só pode ser inteiramente autônoma se todos investirem na sua autonomia. Mas como? Uma proposta é que pudéssemos ser todos associados e pagássemos nossas mensalidades. É preciso construir essa autonomia”, ressaltou.
Para finalizar, Inês Rugani, que coordenou a mesa, ressaltou que a declaração do conflito é importante. "Independência da autonomia é um princípio da ação política". Depois, falou do lançamento da Frente pela Regulação da Relação Público Privado em Alimentação e Nutrição. Para assinar o Manifesto, é só enviar e-mail paracdwnrio2012@gmail.com com o assunto "assinatura manifesto".
Conheça o manifesto aqui.
(* Texto e fotos Flaviano Quaresma – jornalista da Abrasco)