Com 23 anos de vida, a Atenção Básica à Saúde vem se estruturando para ordenar e coordenar as redes de atenção à saúde e garantir o direito de todos à prevenção e assistência à saúde, uma das premissas do SUS. É por isso que, hoje, aproximadamente 600 mil profissionais de saúde já garantem cuidados a 120 milhões de pessoas, algo impensável há pouco mais de duas décadas.
Nesta ótica, a Série Horizontes da Atenção Básica tem seu primeiro episódio centrado neste panorama, uma visão geral do que a AB, ordenadora das redes, representa hoje no Brasil. Além disso, os avanços conquistados nos últimos três anos e os desafios ainda por ser superados.
Primeiro episódio
Um quebra-cabeças com 5.570 peças, em alto relevo e alta definição, com 201 milhões de cores. Para montar e conhecer a imagem do rico mosaico que é a Atenção Básica é necessário convocar cada brasileiro a dar o seu tom, sua contribuição. É assim que se forma, há 25 anos, o Sistema Único de Saúde, um gigantesco mapa humano em três dimensões e sempre em evolução compostas por diferentes camadas: pessoas, ações, programas, recursos, serviços de saúde, etc.
O redesenho em formação fica aos poucos mais perceptível. Áreas antes carentes de serviços de saúde públicos passam a contar com um enorme contingente de cuidadores em todas as regiões do País. Agentes comunitários, profissionais de nível técnico e superior, compõem as equipes de atenção básica, incluindo as equipes de saúde da família, saúde bucal, fluviais e ribeirinhas, da população de rua, de apoio à saúde da família, de atenção domiciliar, que se conectam com os territórios de forma interligada e complementar.
Uma realidade, uma nova forma de atenção sendo tecida, antes desconhecida da maioria da população que não tinha vínculos empregatícios formais e que, nas horas de necessidade e desespero, era obrigada a procurar cuidados em serviços de filantropia precários e com filas abarrotadas nos hospitais e serviços de urgência e emergência, realidade que está mudando, progressivamente, com o passar dos anos e o papel que a atenção básica tem desempenhado na mudança do modelo do Sistema Único de Saúde.
Toda vida vale a pena
Essa mudança de perspectiva para a AB realinha e fornece mais recursos, oferece melhor estrutura e acomodações aos envolvidos na luta cotidiana por obter qualidade no que é mais caro a cada um e ao conjunto da sociedade: a vida. Vida que tem sido cuidada, e estimulada independentemente de sexo, cor, idade ou credo.
Aos poucos, o imenso quebra-cabeça que é o Brasil vai se compondo, a atenção básica segue conectando com a vida e práticas de cuidado existentes em cada recanto do país e criando novas possibilidades: são hoje milhares de profissionais atuando em ações e programas nos 5.570 municípios brasileiros e que hoje já beneficiam mais de 120 milhões de pessoas.
De um sorriso mantido ou recuperado a uma doença cuidada ou evitada por vacinação ou simples cuidados preventivos, a AB retira dos bancos de urgência/emergência, progressivamente, cidadãos conscientes de que podem contar com o cuidado oferecido pelos profissionais de saúde que estão mais próximos dos cidadãos, dedicados a favorecer o desenvolvimento de cada vida em sua plenitude. Somas que levam à vida, com qualidade
Desde a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, em 1991, à instituição do Programa Saúde da Família, em 1994 e que se tornaram Estratégias na década seguinte, à aprovação e execução das políticas de saúde bucal, de práticas integrativas e complementares à saúde, de alimentação e nutrição, cada nova estratégia, política, programa e ação representam o acolhimento de demandas da população e novas frentes de enfrentamento a problemas e situações de saúde.
Somam-se, ainda, a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, a aprovação e execução das Políticas Nacionais de Alimentação e Nutrição e a das Práticas Integrativas e Complementares, e mais recentemente a renovação da Política Nacional de Atenção Básica.
Em todos os cantos do País as equipes de saúde se aliam às de educação para promover, prevenir e assistir a estudantes e seus familiares pelo Programa Saúde na Escola (PSE), ou embarcam em Unidades Móveis Fluviais para atendimento a comunidades situadas em áreas de difícil acesso. Trabalho também efetuado por profissionais dedicados a bordo das Unidades Odontológicas Móveis que participam das ações por um Brasil Sorridente.
Esse reconhecimento do direito do cidadão à saúde é também evidenciado no movimento dos profissionais de saúde que saem às ruas e cuidam da população de rua de um território, em ações que promovem a cidadania, o reacender da chama da esperança e reconstrução de vidas.
A referência para todos, no entanto, são as unidades básicas de saúde, novas ou renovadas com o programa de reforma, construção e ampliação, além do incremento de tecnologias (equipamentos, e-SUS, conectividade e Telessaúde) para favorecer acesso e acolhimento com conforto e qualidade para os usuários e profissionais de saúde.
O conjunto de ações aos poucos se interliga e as peças encontram e assumem seu espaços, para que a atenção básica à saúde ganhe forma e consolide seu lugar de ordenadora do cuidado e coordenadora das redes de atenção à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde.
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