Apresentamos aqui resumo do que foi discutido na REUNIÃO DE CULTURA DE PAZ / COVISA,
dia 11 de outubro último, enviado por Ivone (SUVIS-S)
Apresentação do tema:
Jonas Melman -Psiquiatra. Assessor da AT Cultura de Paz. Saúde e Cidadania/SMS. Mestre pelo departamento de Medicina Preventiva da FMUSP
CUIDADO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
(Modelo de empoderamento e Projeto emancipatório de vida)
A violência contra as mulheres é
um grave problema que atinge todas as camadas sociais. É assustador reconhecer
que, praticamente um terço das mulheres, são vítimas de grave abuso ao longo de
suas vidas: físico, psicológico e/ou sexual.
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Como cuidar das mulheres vitimadas, com
qualidade e compromisso ético de defesa da vida?
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Que metodologia utilizar?
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Como lidar com situações de violência?
EMPODERAMENTO = modelo proposto por Valerie Winn, que sugere o
desenvolvimento de um ambiente de cuidados que estimula a responsabilidade de cada mulher
pelas escolhas e ações relacionadas à
vida.
A proposta se dirige a apoiar e garantir à mulher, o direito de tomar decisões sobre todos os aspectos de sua existência.
Investe na responsabilização da pessoa
adulta (diferente dos adolescentes e das crianças).
ATENÇÃO: “Os cuidadores não devem cair na armadilha
de repetir o modelo de dominação na
relação de ajuda...”
“ Eu tenho mais poder, mais saber, mais
experiência... Então, você deve me obedecer...” (esta pode ser a posição do
cuidador). A formação acadêmica nos empodera
de alguma forma.
- Método = conjunto de atitudes.
Em função da condição de
injustiça e sofrimento que vive a mulher e, eventualmente, seus filhos, na
relação com o ofensor, frequentemente o
cuidador acaba se identificando com a vítima.
Fortes identificações induzem hiperenvolvimento e sentimentos de frustração e revolta nos terapeutas. Nossas ações,
emoções, têm fundamento na nossa própria História (nas situações de violência
devemos olhar muito para nossa história).
(*) Os casos de violência também provocam “mudanças” no profissional
(novas experiências, novas visões, novos posicionamento...).
O que representa para nós, profissionais, os sentimentos que surgem
quando a vítima não aceita o que lhe está sendo proposto? - pergunta
lançada aos participantes pela Elaine.
- CUIDADO com a “função de ‘salvador’!!!”
Para chegar a apanhar, o que será que a mulher faz para isso? Que
coisas acontecem que disparam a agressão?
A violência contra a mulher está
relacionada:
- a um padrão cultural - de dominação
- à questão de gênero ( o homem dominando sobre a mulher).
* Lembrar que a violência é um ciclo... Então, tende a se reproduzir...
Dentro deste modelo de ação, o papel do cuidador é de trazer à
consciência da pessoa as conseqüências de cada uma das escolhas
que fizer.
ò
ofertar um campo de possibilidades para a pessoa escolher / refletir
(somos facilitadores,
mas,
a responsabilidade da decisão é da pessoa,
não nossa)
Encontramos três situações de
fragilidade:
- do(a) paciente
- do profissional
- do serviço
PROJETO EMANCIPATÓRIO DE VIDA
“Consiste na
elaboração de um projeto de vida
voltado a ajudar um
indivíduo
em seu processo de
emancipação.
Envolve a articulação
de um conjunto de recursos
e de possibilidades
de intervenção.
Representa uma ‘radicalização’
do conceito da clínica ampliada.”
1º passo: consiste em ajudar a
mulher a definir necessidades e prioridades. Não existe receita pronta,
protocolo fechado, que dê conta de demandas específicas singulares de cada
situação.
Iniciativas que devem ser articuladas - caso a caso:
- promover rodas de conversa entre mulheres vitimadas;
- apoiar psicologicamente;
- garantir atendimento clínico e psiquiátrico;
- ajudar na realização de telefonemas;
- fornecer informações;
·
disponibilizar recursos na comunidade;
·
contribuir para obtenção de trabalho;
·
encontrar um abrigo provisório.
(*) Nesta reunião houve a apresentação, pelos participantes, de vários
casos, com ricas discussões baseadas nos mesmos.