
Quando pensamos em “trânsito” é comum que as imagens que mais imediatamente nos ocorrem sejam a de carros nas ruas. No entanto, tomando-se o Brasil como exemplo, a maioria dos deslocamentos realizados nas cidades é feita a pé e por bicicleta. Esta proporção é ainda maior quanto menor a cidade. Mas, mesmo em grandes aglomerações urbanas, como a região Metropolitana de São Paulo, os deslocamentos de pedestres somam, diariamente, mais 12 milhões de viagens. Estas, somadas àquelas feitas por transporte coletivo (que implicam em um deslocamento complementar a pé) representam não menos que 70% das viagens na Região.
Contudo, apesar de ser a mais antiga, natural, óbvia e acessível forma de se locomover, é comum que as caminhadas sejam relacionadas mais a uma “falta de transporte” do que a um modo de locomoção em si. Não raro, os pedestres acabam sendo vistos – ou pior: veem a sim próprios – mais como um “empecilho” ao tráfego do que como trânsito propriamente dito. Esse pensamento ignora o papel fundamental dos deslocamentos a pé, assim como as vantagens, do ponto de vista econômico, ambiental, da qualidade de vida e do risco a quem compartilha as vias e, nesse quadro, muitas de nossas cidades foram construídas ou adaptadas de modo a privilegiar o transporte individual motorizado, onde caminhar significa, muitas vezes, enfrentar condições precárias ou mesmo humilhantes.
A situação não é diferente em outros países em desenvolvimento ou mesmo em alguns países alta renda. Nesse contexto, no ano em que as Nações Unidas dedicaram a 2a Semana Global da Segurança no Trânsito ao pedestre (6-12 de Maio de 2013), a OMS lançou o manual, traduzido agora para o português pela OPAS/OMS no Brasil.
E o que tem a saúde a ver com isso?
Dada a vulnerabilidade de um pedestre e a desproporção dos corpos em choque, os atropelamentos podem ser eventos devastadores, mesmo a velocidades consideradas “baixas” pelos condutores. Assim, todos os anos, mais de 270.000 pedestres perdem suas vidas no trânsito, enquanto outros milhões sobrevivem lesados – muitos deles permanentemente incapacitados. Nas Américas, as mortes de pedestres representam cerca de 20% dos totais de todas as mortes no trânsito (como é o caso brasileiro) – uma porcentagem, em nível regional, mais alta que qualquer outra modalidade de transporte. Em países andinos, esta proporção chega a ser superior a 40% dos eventos fatais no trânsito.

A prevenção de muitas das DCNTs passa, desta forma, pelo incentivo a prática da atividade física, incluindo o “transporte ativo” (ciclismo e caminhadas), assim como pelos benefícios ambientais relacionados a estas modalidades de transporte. Deslocar-se a pé, contudo, requer incentivos associados, principalmente às condições materiais objetivas para a prática. Ou seja, a criação de ambientes não hostis, seguros que estimulem os deslocamentos a pé. O manual, nesse sentido, fundamenta-se em preceitos efetivos da promoção de saúde, à medida que busca a criação de uma ambiência que não apenas preconize, mas favoreça a adoção dessa prática saudável.
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