Saúde dos integrantes do programa terá acompanhamento contínuo
Cada pessoa terá plano individual de recuperação elaborado por uma equipe multidisciplinar. Entre as possibilidades de tratamento à dependência química estão oficinas, medicamentos e psicoterapia
De Secretaria Executiva de Comunicação
Os participantes do Programa Braços Abertos terão acompanhamento integral de sua saúde por equipes da rede municipal. Visitas domiciliares, atendimentos na rua e em equipamentos públicos irão fazer parte de uma ação integrada e contínua de atenção à saúde, com a construção de um plano individual de recuperação.
Para o secretário da Saúde, José de Filippi Jr, (Saúde) a adesão voluntária ao programa é um dos pontos fortes da iniciativa. “Queremos que o usuário seja um protagonista da ação. Com eles aprendemos muito. A partir de amanhã (sexta) vamos fazer uma espécie de exame de saúde admissional, vamos fazer coleta de sangue, de pressão, uma espécie de checkup. Queremos que as pessoas tenham esta atenção para o trabalho e para cuidar da sua saúde”, afirmou.
Nos próximos dias, todos os participantes passarão por um exame clínico completo, incluindo a coleta dos principais exames de sangue, como hemograma, glicemia, taxa de colesterol e as sorologias para doenças como aids, sífilis e tuberculose. Neste atendimento, serão ainda aplicadas vacinas. A partir desta avaliação do estado geral de saúde, os pacientes serão encaminhados a tratamentos ou acompanhamento por profissionais da rede, em unidades básicas de saúde, ambulatórios de especialidades ou hospitais.
Os pacientes continuarão a ter à disposição os Consultórios na Rua, voltados ao cuidado da população em situação de rua. Esses consultórios itinerantes são formados por equipes multiprofissionais de 13 pessoas, desenvolvendo ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde, Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), serviços de urgência e emergência e outros pontos de atenção. Das 16 equipes do programa, oito estão na Subprefeitura da Sé, sendo duas voltadas especialmente para a região da Luz.
Saúde mental
O planejamento da recuperação de cada um dos dependentes químicos será elaborado pela equipe multidisciplinar dos Centros de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS – AD). Os profissionais realizam acompanhamento tanto nos dois CAPS da região, Prates e Centro, quanto no equipamento do programa Braços Abertos. As equipes são compostas de psiquiatra, enfermeiro, psicólogo, terapeuta ocupacional e monitores.
Em conjunto, é elaborado projeto individual de atividades dentro e fora da rede de saúde. A intensidade, o tipo e a duração do tratamento variam conforme o histórico de cada caso. O objetivo é construir uma estratégia de reinserção social dos pacientes, inclusive com a possibilidade de reaproximação com a família. O tratamento prevê a possibilidade de localização de parentes e de reencontro. As unidades de CAPS espalhadas pela cidade, e pelo país, podem ser contatadas para auxiliar neste trabalho.
Para Myres Cavalcanti, Coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, todos os esforços visam transmitir uma mensagem de persistência. “O programa quer mostrar para eles todos os dias que nós não vamos desistir, que a Prefeitura vai insistir no cuidado, que não vamos abandonar estas pessoas”, afirmou a psiquiatra. O trabalho se desenvolverá sob uma ótica de redução de danos, com propostas e metas flexíveis.
Entre as possibilidades de atendimento à saúde disponíveis para os dependentes químicos estão oficinas terapêuticas, medicamentos, psicoterapia e atendimento em grupo. Existem condições para realização de desintoxicação ambulatorial e leitos de internação de curta ou longa duração. Em caso de crises de abstinência, os pacientes podem ser encaminhados aos leitos de saúde mental nos hospitais gerais. O acompanhamento de rotina será realizado também em visitas diárias de um profissional de saúde aos hotéis onde os participantes estão hospedados.
Integração
A recuperação depende da integração com o serviço de assistência social e o acesso dos participantes ao emprego. O conjunto de ações procura realizar o resgate da cidadania e dos direitos civis dos dependentes químicos com a construção de uma rotina diária de atividades. “O trabalho também é terapêutico, é uma ocupação e ajuda a ter um acompanhamento de perto”, explica Myrtes Cavalcanti. Além disso, a coordenadora lembra que a atividade de zeladoria irá criar um vínculo positivo com o território, de cuidado com os espaços públicos.
Diariamente, as pessoas participarão de rodas de conversa sobre cidadania, direitos humanos e sobre o os sistemas de saúde e assistência social. Os encontros terão duração de duas horas e acontecerão em grupos de 50 pessoas no equipamento Braços Abertos, no Serviço de Assistência Especializada (SAE) DST/Aids Campos Elíseos e no Complexo Prates. Nestas conversas serão também detectadas habilidades e aptidões. Ao longo do atendimento, o desenvolvimento destas inclinações é incentivado a fim de que haja uma reinserção no mercado de trabalho.
Diálogo
A construção do plano de ações para o Programa de Braços Abertos foi realizado em diálogo com os moradores e frequentadores da região da Luz. Por meio dos serviços do equipamento instalado em julho de 2013 na rua Helvétia, ocorreu a aproximação com a população, que pôde apresentar suas reivindicações. Somente nos dez primeiros dias de janeiro de 2014, a equipe do Programa Consultório na Rua dentro do equipamento Braços Abertos foi responsável por realizar mais de 253 encaminhamentos.