O preço do crack, menor que o da cocaína inalada, não é o motivo central para o início do consumo da droga, o que foi relatado por menos de 2% dos usuários. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press |
A constatação está no levantamento Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil, divulgado hoje (19) pelos ministérios da Justiça e da Saúde. O objetivo da pesquisa, encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi identificar as principais características dessa parcela da população, considerada de difícil acesso ou oculta.
De acordo com o levantamento, os dados evidenciam a necessidade de ações integradas de tratamento para o uso de crack e de outras drogas. O estudo aponta que, além da curiosidade, há outros fatores determinantes para o início do consumo. Entre eles, a pressão de amigos, citada por 26,7% dos usuários e problemas familiares ou perdas afetivas (29,2%).
O preço do crack, menor que o da cocaína inalada, não é o motivo central para o início do consumo da droga, o que foi relatado por menos de 2% dos usuários. Na opinião dos pesquisadores, trata-se mais de um fator associado à manutenção do consumo uma vez que financiar o hábito demandaria menos recursos.
A pesquisa mostra que o tempo médio de uso dessas drogas é mais longo nas capitais, onde dura em média oito anos. Nos demais municípios, se estende por aproximadamente cinco anos, dado que sugere "que o uso da droga vem se interiorizando mais recentemente". Os pesquisadores ressaltam, ainda, que essa constatação contradiz as notícias comumente veiculadas segundo as quais "usuários de crack e similares teriam sobrevida necessariamente inferior a três anos de consumo".
Os pesquisadores mostraram, também, que mais da metade dos usuários utilizam as drogas diariamente. Nas capitais, os usuários fumam, em média, 16 pedras por dia e nos demais municípios, 11 pedras